“Já comprei bilhetes e por isso quero ver Portugal na final do Mundial”
Em entrevista à TSF, Ricardo Costa, treinador de andebol do Sporting que é pai e técnico de ‘Kiko’ e Martim, mostrou-se orgulhoso do feito português e dos filhos, assegurando estar confiante que a seleção nacional pode chegar à final do Mundial, que se realiza no próximo domingo, às 17h00, em Oslo (Noruega)
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Já recuperou da emoção de ontem?
Não foi fácil. Esta noite dormi muito pouco tempo, foi difícil voltar a dormir. Às sete [da manhã] já estávamos de pé, eu e a Cândida, a mãe do Kiko e do Martim. Têm sido horas de muita felicidade, mas também de muito stress. Confesso que não é fácil.
É diferente de estar a ver o jogo e ver os seus filhos? Vê o jogo como pai, treinador ou como adepto?
Eu procuro ver como pai, mas por vezes não é fácil, tenho o sentido crítico de ir corrigindo, de ir vendo se eles estão a jogar bem ou se estão a jogar mal, o que é que faltava ao jogo, mas é difícil, ontem tivemos a oportunidade de ver com uns amigos aqui em casa e é uma festa. A minha esposa [Cândida Mota] também fica muito, muito nervosa e confesso que não é fácil. Nós ao longo dos anos e a comunidade do andebol que tanto tem feito para estar ao mais alto nível e chegar a esta fase desta competição e ter todo o mundo a olhar para nós é muito gratificante.
E quando fala com o Francisco Costa (Kiko) e com o Martim Costa costuma dar-lhes conselhos, dizer o que é que tem corrido bem e o que é que não tem corrido tão bem?
No início da competição, não conhecíamos ainda as equipas e íamos falando um pouco mais. Confesso que para este jogo, não falámos rigorosamente nada, deixar também o espaço deles e, normalmente, eles ligam-me quando as coisas correm mal… quando correr mal com certeza sou a primeira pessoa a quem eles ligam e a tentar algum conforto da minha parte, mas julgo que as coisas têm corrido tão bem e eles estão tão confiantes que não precisam da minha ajuda.
Ontem à noite falou com eles?
Sim, claramente que sim! Fizemos uma videochamada todos em família e com o Salvador Salvador, que também é um atleta da equipa do Sporting e estamos todos muito felizes, eles estão muito felizes. Aconselhei-os que deviam descansar, temos uma grande final para jogar amanhã diante de uma equipa muito forte que é a Dinamarca. Deixar-lhes o conselho de que ainda há muito para fazer, é normal que exista este sentimento de festa e de alegria. Temos de nos voltar a concentrar porque temos o jogo mais importante das nossas vidas, que é uma meia-final de um Campeonato do mundo.
Este percurso da seleção nacional tem sido uma surpresa para si?
Eu diria que não. Tem vindo a ser feito um trabalho ao longo dos anos nos principais clubes portugueses, em outros clubes portugueses e outros clubes, mas eu diria que no Porto, no Benfica e no Sporting e mais no Sporting este ano, com a Liga dos Campeões que temos vindo a fazer e os sinais eram claros de que temos vindo a crescer, de que podemos jogar olhos nos olhos com qualquer equipa do mundo. Julgo que o Paulo Jorge, sempre foi uma pessoa ambiciosa, o selecionador nacional, incutiu neste grupo desde o início a vontade de querer fazer grandes coisas, desde a presença em jogos olímpicos, fazer a melhor classificação nos europeus e vínhamos para este Mundial com muita expectativa. Confesso que está a surpreender todo o mundo do andebol está em choque com aquilo que temos vindo a fazer. Para as pessoas terem a noção, o [andebol] é o segundo desporto mais praticado na Alemanha, com pavilhões sempre cheios com 11/12 mil pessoas, muitas as empresas que colocam muito dinheiro em cima do campeonato da Bundesliga [Handball-Bundesliga] e eliminar a Alemanha é um choque para o andebol Europeu e Mundial. Nós temos de estar preparados para poder capitalizar tudo aquilo que temos vindo a construir.
E agora, a Dinamarca nas meias-finais, falamos da tricampeã do mundo a quem Portugal nunca ganhou. Pensa que o coração da equipa chega para vencer os dinamarqueses?
O facto de termos menos de um dia de descanso que pode influenciar aquilo que é uma competição jogada em muito pouco tempo em que nos dias se fazem sete a oito jogos, é violento para aquilo que pode ser a performance de um atleta, mas eu acredito que temos a nossa palavra. A Dinamarca vai entrar muito forte, vai tentar resolver o jogo na primeira parte, é assim que o têm feito com transições muito rápidas e com contra-ataques, tentando ‘asfixiar’ Portugal nos primeiros trinta minutos. Eu julgo que se nós formos capazes de aguentar a primeira parte temos uma palavra a dizer e acredito que o vento vai correr a nosso favor e a pressão também vai aumentar para o lado deles, por isso é um jogo, são 60 minutos, há que desfrutar do momento, aquilo que eu mais lhes aconselho, é que nós muitas vezes na alta competição temos demasiada pressão em cima de nós e é um momento de continuarmos a sorrir e a sonhar.
Vai ver o jogo amanhã em Oslo ou pela televisão?
Vou ver pela televisão e terei a oportunidade de ir ver a final. Confio que vamos à final, por isso, já comprei os bilhetes e, por isso, quero ver Portugal na final do Mundial.

