João Almeida parte confiante para a Vuelta: “Só me doem as pernas, mas isso é um bom sinal”

João Almeida entrega o favoritismo ao rival dinamarquês Jonas Vingaard à partida para a Volta a Espanha em bicicleta, mas, num aviso à concorrência, o ciclista português garante que já se sente em pleno depois da queda que o obrigou a desistir do Tour. “Já estou a 100%, felizmente, já não dói nada, aliás, só me doem as pernas, mas é por causa do treino. Se pedalamos, as pernas têm de doer, é um bom sinal", diz, em entrevista à TSF.

A fratura não obrigou a cirurgia, apenas a parar um pouco. Esse tempo de paragem nem sempre é uma boa notícia. “A minha preparação não foi a melhor, estive parado algum tempo depois do Tour. Mas acho que é possível [vencer a Vuelta]. Sinto-me bem, acho que podemos começar com otimismo. Logo veremos como acaba. À partida todos temos possibilidades, mas no dia a dia alguns ficam para trás.”

Os dias da Vuelta começam em Torino, Itália, e oferecem muita montanha aos ciclistas. João Almeida olha com otimismo para o trajeto: “É uma boa [volta] para as minhas características. Têm chegadas em alto, tem contra-relógio individual e por equipas. Há que ver como estão as minhas pernas, se estão à altura do desafio.”

Reside na relação entre líderes da UAE Emirates um dos pontos de interesse desta Vuelta. João Almeida partilha a liderança da equipa com um homem da casa, Juan Ayuso. O ciclista português garante que a relação entre eles é saudável, são os dois trunfos importantes para a equipa dos Emirados Árabes Unidos.

Em quase todas as corridas conseguimos levar mais do que um líder. Há que jogar com duas cartas, tentar ganhar a corrida como uma equipa, tentar colocar pressão nos nossos adversários

O alvo principal está bem identificado. Jonas Vingegaard participa na Vuelta em busca de regressar aos triunfos nas grandes voltas. O ciclista dinamarquês, da Team Visma-Lease a Bike, chega a Espanha com um estatuto assumido de grande candidato à vitória final. João Almeida admite que o concorrente é o cabeça de cartaz. "Já ganhou o Tour duas vezes. Tenho a certeza que está num bom momento de forma, não há dúvida que é o favorito (...). Devemos agarrar as oportunidades. Sempre que for possível devemos tentar colocar os adversários em dificuldade. Mas acredito que vai ser uma prova a full gaz.”

Vingegaard não terá, desta vez, de enfrentar a sombra de Tadej Pogacar, companheiro de equipa de João Almeida, vencedor da Volta a França e campeão do mundo.

Acabamos por confirmar que o Tadej [Pogacar] não iria estar presente. Tínhamos de levar alguém capaz de estar à altura, um corredor forte [Ayuso]. Temos uma equipa forte e, por isso, podemos estar confiantes que vamos estar competitivos

João Almeida partilha um lugar no pelotão espanhol com Juan Ayuso, mas também com Mikkel Bjerg (Dinamarca), Max Grosschartner (Áustria), Domen Novak (Eslovénia), Marc Soler (Espanha), Jay Vine (Austrália) e com o compatriota Ivo Oliveira. “O Ivo é um campeão, alguém que faz um trabalho excelente. Vou estar bem acompanhado.”

A viver a temporada mais vitoriosa da carreira - vitórias na geral do País Basco, Suíça, Romandia -, João Almeida quer dar mais um passo na carreira. “São boas vitórias, diria que tem sido a minha melhor temporada de sempre. Espero terminar ainda melhor, ou pelo menos tentar. (...) Hoje em dia as vitórias são caras. É difícil vencer. Não diria que esta é a prova mais importante, mas, talvez, no último dia em Madrid pode ser a mais importante. Vamos ver.”

Para conferir, entre 23 de agosto e 14 de setembro, num trajeto da Vuelta que parte de Turim (Itália) e termina em Madrid.