João Almeida, que "já não tem nada a demonstrar a ninguém", deu um "salto na carreira" em 2025
À TSF, o atual diretor da EFAPEL Cycling, José Azevedo, sublinha que o ciclista de 27 anos esteve "ao nível mais alto" na Volta a Espanha
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O antigo ciclista José Azevedo afirma que João Almeida fez "uma grande corrida" no circuito final da 21.ª e última etapa da Volta a Espanha, em Madrid, e defende que o atleta de 27 anos deu, em 2025, "um salto na sua carreira".
"O João já não tem nada a demonstrar a ninguém há vários anos, nomeadamente o corredor que é, mas a verdade é que 2025 foi um ano em que o João deu um salto na sua carreira, porque o vimos a ganhar três corridas de uma importância enorme, como é o País Basco, a Normandia e a Volta à Suíça", argumenta José Azevedo, em declarações à TSF, acrescentando que, "depois do azar" na Volta à França, o ciclista conseguiu "recuperar" e voltar "ao nível mais alto" para a prova espanhola.
João Almeida igualou este domingo o melhor resultado de um português numa grande Volta, ao terminar a 80.ª Vuelta na segunda posição, atrás de Jonas Vingegaard, o primeiro ciclista dinamarquês a conquistar a prova espanhola.
Sobre os protestos pró-Palestina, que obrigaram este domingo a que a última etapa da Vuelta fosse cancelada, José Azevedo nota que nunca vai ser possível saber se o desfecho da competição poderia ter sido diferente.
"Naquilo que se correu, foi igual para todos e acabou por ganhar o mais forte. Logicamente, quando falamos de uma etapa que tem um final em alta e não se faz a última subida, poderia ter acontecido muita coisa. Uns iam ganhar tempo, outros iam perder. Quem é que ia ganhar ou quem ia perder, nós isso nunca saberemos", ressalva.
O também diretor da EFAPEL Cycling recorda, ainda, que enquanto atleta nunca foi confrontado com protestos que tivessem impacto direto nas provas.
"Chegámos a ter [alguns protestos], mas nunca algo que condicionasse a prova ou que levasse a uma anulação da etapa, encurtamento ou alteração do percurso. Nada disso. Algumas manifestações que se viam ou nas partidas, ou nas chegadas, ou durante a etapa", reconhece.
Ainda assim, entende que os ciclistas, quando postos numa situação de manifestações, devem apenas manter-se "focados no seu trabalho e correr".
"Aquilo que têm de fazer é correr e, cada dia, olhar para a etapa como se a etapa fosse acontecer de uma forma normal. Como se fosse percorrida na sua totalidade com normalidade", adianta.
José Azevedo entende, assim, que os vários constrangimentos impostos pelos protestos durante as várias etapas do percurso da Volta à Espanha devem levar os organizadores a pensar em planos B.
"Isto é algo que aconteceu de uma forma mais intensa e que acabou mesmo por interferir com a competição agora na volta à Espanha. O que irá acontecer nas outras provas no futuro? Não sabemos. O que vai obrigar? Tanto organizadores como forças policiais, os próprios governos centrais ou governos regionais em todas as provas tenham de criar sempre um mecanismo que assegure que as competições irão desenrolar", atira.
Na tarde deste domingo, milhares de pessoas protestaram nas ruas de Madrid contra o genocídio imposto a Gaza por Israel e contra a participação de uma equipa de ciclismo israelita na prova.
Com sete presenças no top 10 das corridas de três semanas, João Almeida, corredor da UAE Emirates, aproxima-se ainda mais de Joaquim Agostinho, o maior ciclista português de todos os tempos, que somou 11 presenças entre os 10 primeiros em grandes Voltas, com destaque para os dois terceiros lugares no Tour (1978 e 1979).
