O primeiro português a atingir o cume do mundo regressou do Nepal nos últimos dias e lança um olhar crítico sobre a competição comercial nos Himalaias.
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Os últimos dias têm sido loucos, nos Himalaias, com recordes novos batidos quase todos os dias, por parte dos Sherpa, os famosos carregadores de alta montanha que tradicionalmente ajudam os aventureiros e turistas a subir ao topo do mundo.
Numa autêntica competição, há dois protagonistas: Kami Rita Sherpa e Pasang Dawa Sherpa que estão perto de chegar às 30 escaladas.
Kami Rita deteve o recorde durante alguns anos e foi destronado, por alguns dias, na última semana, mas voltou a subir ao topo do Evereste, uma segunda vez, em menos de uma semana, atingindo as 28 escaladas.
Esta competição merece um comentário de desaprovação de João Garcia, o primeiro português atingir o topo do mundo, em 1999.
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O alpinista português considera que este lado comercial da escalada está a trair, nos últimos anos, o espírito deste desporto.
Este tom crítico não põe em causa a capacidade destes e de outros carregadores profissionais.
João Garcia acredita que, em condições normais, Kami Rita ou outros sherpas conseguiriam escalar até ao topo, sem recurso a oxigénio artificial. Destaca as capacidades inatas da etnia Sherpa e sublinha que a vida na montanha, onde nascem e vivem, é dura e exige uma preparação especial para o dia a dia, onde tudo está distante das aldeias e só é acessível caminhando durante vários dias.
Numa entrevista à TSF, João Garcia começa por explicar como é que a história dos Sherpa fica ligada à aventura pela conquista do topo do mundo, desde meados do século XX.