Jogos Olímpicos: mais ouro para a coleção de Bolt e a primeira medalhada do Irão
O jamaicano pulverizou a final dos 200 metros. Mais modesta, Kimia Alizadeh ficou-se pelo bronze no taekwondo, na sua estreia das iranianas em pódios olímpicos.
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O jamaicano Usain Bolt conquistou a sua oitava medalha de ouro olímpica, ao vencer pela terceira vez consecutiva os 200 metros, mas faltou-lhe a satisfação plena.
Com 19,79 segundos, Bolt repetiu os triunfos de Pequim2008 e Londres2012 - um 'tri' inédito à semelhança do que já tinha feito nos 100 metros - e continua a apostar numa 'tripla tripla', para a qual falta apenas a vitória nos 4x100.
"Ainda não percebo o alcance do que conseguiu, definitivamente não", afirmou o jamaicano, de 29 anos. "Trabalhamos de forma tão árdua durante quatro anos, que só esperamos que seja compensador", acrescentou o 'relâmpago'.
Único finalista abaixo dos 20 segundos, Bolt bateu o canadiano Andre de Grasse, que terminou na segunda posição (20,02), e o francês Christophe Lemaitre, medalha de bronze (20,12), mas manifestou-se insatisfeito.
"Não fiquei contente com o tempo. O meu corpo não respondeu na reta", explicou o jamaicano, que nos dias anteriores não escondeu a vontade de bater o seu próprio recorde do mundo (19,19), fixado em Londres2012, naquela que é a sua distância favorita.
Numa pista ligeiramente húmida, devido a um chuvisco, Bolt saiu bem dos blocos e no final da curva já liderava confortavelmente, mas na reta não conseguiu distanciar-se como é habitual.
"Estou a ficar velho e o meu corpo também. Pessoalmente, acho que foram os meus últimos 200 metros, mas o meu treinador pode discordar", completou Bolt, a sorrir, depois de somar a sua 13.ª medalha de ouro entre Jogos Olímpicos e Mundiais.
A 'tripla tripla' pode chegar já na sexta-feira, nos 4x100 metros, prova a qual a Jamaica parte como favorita.
Primeira medalhada iraniana quer chegar ao ouro
Kimia Alizadeh tornou-se na primeira mulher iraniana a conquistar uma medalha olímpica, a de bronze em -57 kg no taekwondo, mas ambiciona chegar ao ouro.
"Estou muito feliz pelas mulheres iranianas porque é a primeira medalha e espero que nos próximos Jogos Olímpicos consiga o ouro", afirmou Alizadeh, que combateu no Rio2016 com um 'hijab' por baixo das proteções, após bater a sueca Nikita Glasnovic por 5-1, na disputa pelo bronze.
Alizadeh, de 18 anos, já tinha conquistado a medalha de bronze no Mundial de 2015, quando derrotou a britânica e agora bicampeã olímpica Jade Jones, e vencido os Jogos Olímpicos da juventude em 2014.
"Estou muito satisfeita e quero agradecer aos meus pais e ao meu treinador. Eles apoiaram-me muito e eu estou muito feliz", frisou.
O ultraconservador Irão tem habitualmente uma representação feminina reduzida em Jogos Olímpicos, especialmente desde a revolução islâmica de 1979.
A atiradora Lida Fariman foi a primeira autorizada a disputar os Jogos, em Barcelona1992.
Mesmo assim, a indumentária obrigatória pelos líderes religiosos restringe a liberdade de movimentos em vários desportos, além de que as mulheres estão proibidas de assistir a eventos desportivos no Irão se estiverem presentes homens.
Nos primeiros dias dos Jogos do Rio de Janeiro, uma mulher iraniana foi convidada a deixar o recinto do voleibol, depois de ter protestado contra as leis no seu país. Darya Safai ergueu um cartaz com a mensagem: "Deixem as mulheres iranianas entrar nos estádios".
A iraniana residente na Bélgica recusou-se a abandonar o espaço e a organização permitiu que continuasse a assistir ao encontro entre Irão e Egito.
Os maiores sucessos olímpicos do Irão foram obtidos no taekwondo, modalidade em que Hadi Saei conquistou os títulos em Atenas2004 e Pequim2008.