Jorge Teixeira lembra Kamada, o japonês "tímido" que surpreende defesas com facilidade
O Benfica continua no mercado à procura de mais opções para o lugar de médio ofensivo. O português Jorge Teixeira jogou com Daichi Kamada no Sint-Truiden da Bélgica. Viu nos treinos e nos jogos, um talento em afirmação.
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Jorge Teixeira encarou nos treinos, vezes sem conta, o médio ofensivo japonês Daichi Kamada. A personalidade do nipónico em campo contrastava com o papel diminuto que tinha no balneário do clube belga para o qual chegou emprestado. A qualidade técnica do jogador era evidente, mas ele nem falava inglês.
"Já se percebia o talento" de Kamada. "Lembro-me que chegou fora de forma, vinha de uma temporada sem jogar. Chegou para rodar e acabou por fazer uma época formidável." Uma temporada que se explica em números: de quatro jogos na primeira temporada europeia no Eintracht Frankfurt (2017/2018) para 36 na Bélgica (2018/2019), minutos aproveitados para marcar 16 golos e somar seis assistências.
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Jorge Teixeira era já um dos líderes da equipa do Sint-Truiden, dentro e fora de campo. "A questão da língua não foi fácil para ele (risos), mesmo o inglês que ele ainda não percebia muito bem. Nos primeiros tempos foi difícil. Era um rapaz tímido, sentia-se que não estava adaptado, isto nos primeiros treinos. Mas com o tempo integrou-se bem, fez uma época excelente. Foi talvez um dos melhores jogadores da liga belga", atesta o experiente central português.
"É um jogador de grande técnica, procura muito bem o espaço vazio e também finaliza muito bem. Sobretudo nos momentos em que surge de trás para a frente." É quando encara a defesa, escapando aos médios adversários, que Kamada se destaca: "É um jogador que sai muito da zona dos defesas. Procura o espaço vazio entre linhas. Depois vira-se com grande facilidade para a baliza adversária. É nisso que é muito forte."
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Experiência na Bélgica valorizou o atleta
Kamada é um bom exemplo do trabalho com jogadores jovens vindos de um contexto de menor exigência. Carlos Leal, português que lidera o futebol do Arminia Bielefeld como diretor-desportivo, explica que o empréstimo do japonês lhe deu tempo e espaço de jogo para se adaptar a um novo contexto: "Acredito que foi uma boa decisão, um período muito importante para o jogador no Sint-Truiden."
Carlos Leal classifica Kamada como um dos melhores jogadores do futebol germânico. "Pode jogar nas três posições atrás do 'número 9'. Se jogar como extremo, procura muito o espaço interior. É uma peça chave do Eintracht. Foi, talvez, a figura do clube na Liga Europa da temporada passada. Não sei se está disponível para ir para Portugal. Vamos ver. É um jogador de alto nível, muito interessante", classifica o responsável do Arminia.
"Tem um toque de bola excecional, é muito criativo. Vê aquilo que muitos não percebem, com grande velocidade. Tem grande impacto nas equipas, pelos golos, pelas assistências, mas também uma excelente explosão nos primeiros metros, o que lhe permite executar o que pensou antes com grande velocidade."
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Depois do ano de experiência no Sint-Truiden, Kamada regressou a Frankfurt para se afirmar. Na época seguinte marcou dez golos em 48 jogos. Consolidou o estatuto ao longo de três temporadas com 28 golos e 26 assistências e a conquista de uma Liga Europa como protagonista.
"Dá para ver a evolução, na liga alemã, um jogador completamente diferente. Evoluiu também do ponto de vista físico, está mais forte. Acredito que em Portugal pode acrescentar muito, porque é um jogador que procura o espaço ofensivo, muito forte na transição defesa-ataque". Um bom reforço, caso chegue a Portugal e ao Benfica, explica Jorge Teixeira.