Os leões voltaram às vitórias, mas o nível exibicional vai demonstrando que a adaptação às ideias de Rúben Amorim não será um processo fácil.
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Foi um triunfo suado - Max brilhou na recta final - e chegou através de uma bomba de Jovane, que continua a ser decisivo nos leões. O Paços entrou disposto a pressionar em todo o campo e até rematou mais vezes à baliza do que o Sporting (cinco contra três).
Mesmo sem Mathieu, o central que mais desequilibra desde trás, a equipa de Rúben Amorim procurou construir a partir da esquerda, com o objectivo de encontrar Vietto entre linhas. Sabendo que o adversário privilegia a construção curta, o Paços de Ferreira atreveu-se a pressionar alto. No meio campo a três de Pepa, Pedrinho e Vasco Rocha tentavam condicionar a acção de Wendel e Matheus Nunes, com Diaby responsável pelas coberturas. O francês teve problemas para cumprir essa função, chegando várias vezes atrasado e permitindo que Vietto recebesse com espaço para se orientar no sentido da baliza ou para enquadrar um dos médios. Assim, os leões conseguiram superar a pressão com frequência, mas foram apressados e pouco criterioso na definição dos ataques.
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Curiosamente, o único lance perigoso da equipa da casa na primeira parte surgiu pela direita. Camacho aproveitou o apoio de Sporar (numa das raras vezes em que baixou para combinar) e Vietto, longe da zona habitual de intervenção, isolou o ponta-de-lança. Foi a única ocasião em que o Sporting fugiu ao guião e surpreendeu o adversário. Do outro lado, o Paços não ameaçou. Quando tinha a bola, Pedrinho recuava e assumia o protagonismo na construção, tentando lançar os extremos nas costas dos alas leoninos.
Com a saída de Vietto por lesão, o Sporting ficou sem o jogador mais criativo e habituado a servir como apoio entre linhas. Jovane passou para a esquerda, mas a ligação ofensiva dos leões perdeu-se na segunda parte. O Paços surgiu com uma postura diferente: mais expectante e menos agressivo na pressão, oferecendo a iniciativa ao adversário e tentando não dar espaços no próprio meio campo. Neste sentido, os centrais da casa construíram com espaço, mas raramente proporcionaram vantagens aos elementos adiantados.
Além disso, manteve-se a pouca influência dos médios na construção (algo intencional no modelo, apesar de nenhum dos dois ser propriamente um organizador) e a incapacidade de potenciar os desequilíbrios dos alas (exibição com vários erros técnicos de Camacho). Wendel, de regresso à titularidade, conquistou a falta que deu origem ao golo, com uma arrancada característica desde trás. Com mais rotinas no sistema e nas ideias de Amorim, pode sair beneficiado por receber quase sempre de frente para o jogo - aproveitando a capacidade de condução.
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A partir daí, o Sporting deixou de ter bola e permitiu que o Paços crescesse em Alvalade. Douglas Tanque causou problemas à defensiva contrária, impondo-se através da capacidade física (brutal de costas para a baliza) e criando os melhores lances dos castores (inclusive a grande penalidade assinalada). Ainda assim, Eduardo Quaresma voltou a deixar claro que Amorim não se vai arrepender pela aposta. O golo de Jovane fica na memória, mas o desfecho poderia ser diferente sem Max na baliza verde e branca.
*Comentador TSF