Largo faz de Segunda Circular e petiscos sossegam rivalidade. Eis o dérbi em Reguengos de Monsaraz
Em vésperas de dérbi lisboeta, a TSF viajou até ao Alentejo para conhecer a Casa do Benfica e o Núcleo do Sporting de Reguengos de Monsaraz, que ficam separados por poucos metros.
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O Largo da República é o único local que separa a Casa do Benfica e o Núcleo do Sporting de Reguengos de Monsaraz. É uma praça com o chão em pedra da calçada e um edifício com as cores, curiosamente, azul e branco.
Para chegar à Casa do Benfica, é só contornar ligeiramente a praça, andar cerca de 20 metros e, já na junção com outra praça, o Largo da Indústria, está a Casa do Benfica, decorada com duas bandeiras do clube da Luz e um símbolo antigo do Benfica estampando na parede, acompanhado com a data de fundação deste espaço encarnado.
Já dentro da casa, é possível ver imensos quadros com várias equipas do Benfica, de diferentes épocas, e algumas bandeiras, umas maiores que outras, que vão decorando as paredes brancas deste espaço. Ao balcão, está o gerente do restaurante, José Grilo, que explica à TSF que apesar de serem vizinhos, "há uma rivalidade saudável entre as casas", acrescentando que, "no dia a dia, há adeptos do Sporting que frequentam a Casa do Benfica e vice-versa. Agora no domingo (dia do dérbi), cada um na sua", completa entre risos.
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Já com pão e vinho na mesa, há um grupo de adeptos do Benfica que confirma o que aquele dirigente da Casa do Benfica disse à TSF: "Tanto vimos aqui, como vamos ao Núcleo do Sporting e somos bem recebidos à mesma, mas, no dia do dérbi é diferente, aí cada um vai para a sua casa!".
É altura de sair da Casa do Benfica em direção ao Núcleo do Sporting. É uma viagem curta, a passo rápido demora apenas 30 segundos, porque basta atravessar uma praça, o Largo da República. Rapidamente ficamos de frente para o Núcleo do Sporting de Reguengos de Monsaraz e, à primeira vista, sobressai uma estátua de um leão, toda em branco, com cerca de metro e meia de altura. De resto, dezenas de cadeiras verdes compõe a esplanada deste estabelecimento.
Entramos na casa sportinguista e são dezenas de posters com imagens de equipas do Sporting, só superados em quantidade pelos cachecóis que preenchem as paredes verdes e brancas do interior do espaço. Do lado direito, depois de entrarmos, pode ler-se "queremos que o Sporting seja um grande clube, tão grande como os maiores da Europa", a famosa frase de José Alvalade.
Com um casaco do Sporting vestido, o presidente do Núcleo do Sporting de Reguengos de Monsaraz confessa à TSF que é amigo do presidente da casa rival, que fica do outro lado da estrada: "às vezes até tomamos um copo juntos", revela, sublinhado que "rivalidade há sempre, mas sempre com respeito". António Pulido explica que quando o Benfica perde um dérbi, "nós temos a curiosidade de os ver passar aqui à frente no fim, mas nunca há provocações".
Tal como na Casa do Benfica, a confraternização supera o futebol. Numa pequena mesa, estão três sportinguistas, três cervejas, uns tremoços e alguns bocados de chouriço. Depois de alguns bitaites sobre o jogo de domingo, há um adepto que solta: "Vimos para ver o Sporting e, de preferência, para o ver ganhar. Mas, sobretudo, vimos aqui pelos amigos e pelos petiscos!"