FC Porto foi melhor durante quase todo o jogo. A primeira parte foi azul e branca, com muitas oportunidades, andamento e qualidade. Mas do outro lado há um tal de Rui Patrício. Clássico acabou 0-0.
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Rui Patrício foi, para os repórteres e comentadores TSF em Alvalade, o melhor jogador em campo. E se apenas tivéssemos uma linha para explicar este jogo seria o suficiente. Mas como não é, aqui vai...
Para não começarmos como tem sido hábito, com um carta de amor à colher com mel e cola que Brahimi tem em vez do pé direito, tiremos o chapéu a quatro homens: Coates, Mathieu, Felipe e Marcano. Estes homens dão confiança a qualquer guarda-redes. Sólidos, entendem-se, fecham, fazem dobras e, na teoria, alguns deles não deveriam ter tanta mobilidade e capacidade com a bola. Mas têm tudo isso.
O FCP começou com mais bola, sem complexos. Para quem se lembra de Sérgio Conceição a jogar futebol, é mais ou menos isso: um "vamos embora" constante. Com rigor. Qualidade no toque de bola, coragem na disposição em campo. Sábio, o dragão escolhia quando tocar ou ser vertical, com fogo venenoso, com o olho na frente.
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A primeira parte quase só deu Porto. O Sporting estava encolhido, com William e Bruno Fernandes longe um do outro, o que é meio caminho andado para roubar dimensão ao futebol da equipa. E quanto menos bola tem William, mais sofre Bruno Fernandes. É mais ou menos matemático. Foram 15 minutos tristes, embora intensos, porque não se sabia o paradeiro de Brahimi e Gelson. Mas isso mudaria.
Aboubakar foi o primeiro a causar perigo, com uma bela rotação, depois de um toque de calcanhar; a bola saiu ao lado. A seguir Herrera, em contra-ataque, tem dois colegas para oferecer e quem sabe isolar, mas arriscou rematar. Mal. Rui Patrício defendeu uma bola de Brahimi e depois tirou o pão da boca a Aboubakar. Começava a agigantar-se o senhor campeão europeu. A primeira parte fechou de forma espetacular: cruzamento de longe, longe (e com olhos), de Alex Telles, para a cabeça de Marega, que na passada, à Bierhoff, enviou um cabezazo ao ferro. Na recarga, Aboubakar não soube corrigir e escrever glória com o sotaque da Invicta.
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Viu-se muito futebol neste primeiro tempo. Ritmo, posicionamento "rato", aproveitando espaços. O Sporting estava num colete-de-forças, encolhido, sem saber ao que jogava. Se no contra-ataque, se congelava a bola e subia. Gelson, apesar de abanar as coisas com aquela velocidade surreal, ia sendo inconsequente. William é a chave e o Sporting passa mal (ou pior) quando ele não pensa o jogo. Jesus até mexeu cedo e meteu Battaglia a "6", para ter William mais perto de Bruno Fernandes e no outro meio campo, para haver outra ligação.
Na segunda parte houve mais espaço, mais bola cá, bola lá. Menos ideias sólidas, menos associações entre os operários que pintam com os pés. Brahimi continuou a fazer das suas, mas foi William Carvalho quem cresceu e segurou as pontas, para o futebol dos leões não definhar. Depois de vários cantos, o primeiro lance de perigo a sério da equipa da casa, porém, aconteceu depois de uma asneirada de Danilo: Bruno Fernandes recuperou, já muito perto da área, e chutou por cima.
Começava a haver mais faltas, mais espaço, a fatura da Liga dos Campeões talvez começasse a cantar. Herrera e Bruno Fernandes deram lugar a Otávio e Bruno César. O jogo ia caíndo de qualidade, e no andamento também. Danilo voltou a errar aos 76', ao falhar na bola, dentro da área. O remate de Acuña esbarraria num dos generais abordados no arranque deste texto.
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O FC Porto, depois de tanto futebol na primeira parte, ia enganando o rival num lançamento lateral: Otávio recebeu na linha, quando estava tudo a dormir, e depois cruzou para Aboubakar: o guarda-redes do Sporting voltou a tapar o caminho para a baliza. Enorme.
Soares, Podence e Corona entrariam muito tarde para fazerem mossa no jogo. Acabou em Alvalade: 0-0. Foi um duelo de qualidade, passou rápido. Houve pormenores interessantes. Resumindo: as receções e dribles de Brahimi, que parece não ter ossos e ser todo gelatina, a valentia de William para assumir em tempos adversos; a pedalada de Jonathan, com vários cruzamentos com perigo. Os centrais quase sempre intransponíveis; Sérgio Oliveira a confirmar sensações de Mónaco, Danilo a dar o litro e a equilibrar uma equipa dominadora. Gelson ainda deu problemas, mas foi demasiadas vezes inconsequente para o jogador que é. Battaglia falhou muitos passes, Bas Dost nem se viu, o típico jogo ingrato para um avançado; Herrera foi desaparecendo do mapa, enquanto Marega acaba por sobreviver apenas por ser uma locomotiva.
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Quem acabou este jogo rijo e com uma certeza foi Sérgio Conceição: "Disse aos jogadores que vamos ser campeões. Com esta atitude, determinação, qualidade, disse que íamos ser campeões. Continua o mar azul, continua a nossa força. Somos muito competitivos." E a segunda certeza foi: "Perdemos dois pontos hoje."
Jorge Jesus explicou que o Sporting teve dificuldades "em entrar na velocidade do FC Porto". E admitiu alguma desilusão: "Não era o resultado que queríamos. O nosso objetivo era uma vitória para ficarmos em primeiro, mas compreende-se de certa forma que alguns jogadores não estiveram ao seu nível".
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