Liga "não compreende" posição da APAF: "Qualquer mudança às regras com campeonato em curso nunca seria equacionável"

Reinaldo Teixeira, presidente da Liga Portugal
Miguel A. Lopes/Lusa (arquivo)
"Após a acalmia registada nos últimos fins de semana no que diz respeito a críticas públicas à arbitragem, a Liga Portugal estranha que a APAF, sem razão evidente, coloque os árbitros de novo no epicentro da discussão", escreve em comunicado
A Liga Portugal lamentou esta quarta-feira a posição da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF), que admitiu avançar com uma paragem total dos árbitros face à "violência verbal".
"A Liga Portugal lamenta a posição da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF), particularmente do seu presidente, José Borges, na medida em que o assunto agora trazido a público - reivindicações da associação de classe - já havia sido tratado aquando da reunião entre as partes, a 12 de novembro, e reiterado em conversas posteriores. A Liga Portugal não compreende, por isso, o alcance do recente comunicado da APAF nem o facto de ter sido tornado público na véspera da Cimeira de Presidentes, que não é um órgão deliberativo", escreve a Liga em comunicado.
O organismo que tutela o futebol profissional avisa que as alterações pedidas pela APAF nunca seriam equacionadas para a presente época para não criar "dois pesos e duas medidas".
"Dos contactos entretanto gerados entre a Liga Portugal e a APAF, nomeadamente na referida reunião entre as partes, ficou explícito algo primordial para a entidade que tutela o Futebol Profissional e então compreendido pela APAF: na defesa intransigente da integridade das competições, não havia condições para se fazer a solicitada alteração regulamentar, pelo que qualquer mudança às regras com um campeonato em curso nunca seria equacionável pelo organismo, nomeadamente para uma proposta que, ativada a meio da época, geraria dois pesos e duas medidas para situações idênticas entre as primeira e derradeira jornadas", explica.
A Liga Portugal refere que "recebeu da APAF, na data referida, um caderno reivindicativo, nomeadamente no capítulo da Disciplina, relacionado com o comportamento dos agentes desportivos, que, dada a sua complexidade e teor, foi reencaminhado para os serviços jurídicos, que primeiro verificam a admissibilidade legal de cada reivindicação". Nesse sentido, mantém disponibilidade para "analisar todas as propostas de alteração dos regulamentos de Competições, Arbitragem e Disciplinar da época 2026-27".
"A Liga Portugal entende que a posição da APAF é incompreensível e provoca alarme social. Após a acalmia registada nos últimos fins de semana no que diz respeito a críticas públicas à arbitragem, a Liga Portugal estranha que a APAF, sem razão evidente, coloque os árbitros de novo no epicentro da discussão", critica.
A APAF admitiu esta quarta-feira avançar com uma paragem total dos árbitros, caso as suas propostas para a atividade não sejam aceites pelas autoridades desportivas.
Em comunicado, intitulado "cartão vermelho à violência verbal", a APAF lembra a reunião com a Liga de clubes, em 12 de novembro, na qual apresentou "um conjunto de propostas de alterações regulamentares" que pretende ver implementadas já esta época, mas acusa a resposta do organismo de "não satisfazer as pretensões apresentadas".
"Anunciamos que os árbitros vão manter e intensificar as ações de protesto, até que sejam implementadas medidas objetivas e eficazes de forma a garantir o respeito, a segurança e a dignidade do exercício da função de arbitrar. Consideramos avançar para uma paragem total dos árbitros, caso nada seja feito, em tempo útil, em relação às nossas propostas", lê-se na nota.