Liga estima perdas de entre 276 milhões de euros e 362 milhões de euros no setor.
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A Liga de clubes quer que os clubes portugueses de futebol tenham acesso às verbas do Mecanismo Europeu de Recuperação, que tem um valor total de 15,3 mil milhões de euros e vai chegar ao país ao longo dos próximos seis meses.
Apesar de já terem acessos aos fundos de emergência de 400 milhões de euros, atribuídos pelo Estado Português devido à pandemia - uma ajuda que terminou em setembro -, a diretora executiva da Liga, Susana Rodas, defende em declarações à TSF que, é "expectável ter uma linha de apoio".
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O dinheiro desse mecanismo deve, defende, ser distribuído "na proporção do que os setores contribuem para o PIB e para a economia, quer numa lógica de exportação", quer numa lógica da contribuição para as atividades de formação, atividades para crianças e na "projeção da marca de Portugal no mundo".
Os orçamentos portugueses, que "já são mais baixos do que os orçamentos das equipas internacionais com que disputamos competições", nota a diretora, enfrentam agora uma desvantagem maior porque, nos outros países "as sociedades desportivas estão a ter apoios a nível de empréstimos, com garantias dos próprios países, e apoios das federações e ligas, que são muito superiores às nossas, também por terem receitas muito superiores".
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Além do futebol, "todas as outras modalidades" representam preocupações para os clubes e para as associações das modalidades. "Não é só o futebol profissional, que está a sofrer bastante e os impactos do que está a acontecer podem ser muito graves, mas arrasta-se a todo o setor desportivo."
Esta quinta-feira, a Liga Portuguesa de Futebol Profissional fez contas aos prejuízos dos clubes nos primeiros três meses da atual temporada desportiva, e o líder máximo da organização, Pedro Proença, fala em perdas de pelo menos 276 milhões de euros.
De acordo com os resultados do inquérito da LPFP às sociedades desportivas das duas ligas profissionais, "as receitas, que se cifravam nos 858,3 milhões de euros, poderão oscilar entre os 581,4 milhões de euros (caso não se mantenham as verbas dos direitos televisivos e comerciais) e os 496 milhões de euros, implicando perdas significativas, entre 276 milhões de euros a 362 milhões de euros no setor".
Comparando com a temporada 2018/19, do lado das receitas verificou-se que o impacto foi de uma perda de 100% na bilhética, de 80% em quotas associativas e de 70% em receitas de merchandising, refere o estudo.
A Liga de clubes revela ainda preocupação com um possível ajuste económico da UEFA à participação dos clubes nas competições europeias, assim como com a possibilidade de os detentores de direitos televisivos tentarem resgatar valores se as provas forem interrompidas.
Do lado dos gastos, as sociedades desportivas aumentaram os custos com testes à Covid-19, desinfeções das instalações, material de proteção e custos com teletrabalho, entre outros, apenas reduzindo em cerca de 8% nos gastos.
Do inquérito destaca-se ainda o esforço para manter postos de trabalho, uma vez que houve apenas uma redução de 10% nos custos com pessoal.