Lugares de pé nos estádios portugueses. Associação de adeptos duvida de viabilidade para a próxima época
À TSF, Matha Gens explica que tipo de alterações terão de ser feitas nos estádios em Portugal para que existam lugares de pé.
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A Associação Portuguesa de Defesa do Adepto (APDA) duvida que a autorização para que os estádios portugueses possam ter lugares de pé tenha viabilidade para ser imposta já na próxima temporada.
"Neste momento, aquilo que é, enfim, recomendado pela UEFA não existe em Portugal. Em Portugal, os estádios não têm zonas de safe standing para os seus adeptos. Portanto, não sei até que ponto a aplicação dessa medida será viável durante a próxima época em Portugal", explica à TSF Martha Gens, presidente da APDA.
A líder associativa explica a que se refere: "Aquilo a que se chama o safe standing, ou seja, aquelas barras de ferro, as zonas peão, ou seja, nós não temos nada disso nos estádios em Portugal. Temos cadeiras nas zonas onde os adeptos geralmente se colocam de pé. E isso não é safe standing, é unsafe standing."
Para a presidente da APDA, será necessário fazer mudanças nos estádios para que Portugal possa implementar este modelo, já existente, por exemplo, em Inglaterra e na Alemanha.
"Por exemplo, os estádios na Alemanha, hoje em dia, já têm safe standing. É uma experiência perfeitamente que tem tido um resultado extremamente positivo. Na Inglaterra, por exemplo, também acontece. Na maior parte dos países da região UEFA essas zonas de safe standing têm tido plena a aceitação e, de facto, é aquilo que é mais seguro para quem quer ver um jogo de pé", explica Martha Gens.
A líder da APDA acredita que esta alteração permita o aumento de capacidade dos estádios e a redução nos preços dos bilhetes.
Portugal é um dos países abrangidos pelo alargamento do programa experimental da UEFA que permite a assistência em pé de jogos das competições europeias, já previsto na legislação portuguesa, anunciou hoje o organismo regulador do futebol continental.
A UEFA prolongou o Programa de Observação de Lugares em Pé para a época 2024/25 e alargou o âmbito a Portugal, Áustria, Bélgica, Escócia e Países Baixos, depois de ter sido testado na Alemanha, França e Inglaterra, em 2022/23, passando posteriormente a incluir Espanha e Itália.
O Comité Executivo do organismo europeu, reunido hoje em Dublin, pretende obter "uma amostra mais significativa e com maior diversidade de dados", com o objetivo de avaliar em que condições poderá ser reintroduzida a utilização de lugares em pé de forma segura nas suas competições.
A UEFA observou uma tendência crescente para o uso de lugares em pé em algumas provas nacionais e foi sensível ao interesse manifestado por clubes e adeptos para a reintrodução desta prática nas provas europeias, alargando o estudo a países cuja legislação já o permite.
É o caso de Portugal, através do regime jurídico do combate à violência, ao racismo, à xenofobia e à intolerância nos espetáculos desportivos, que prevê a definição de "áreas de assistência com lugares em pé, individuais e numerados, nas zonas com condições especiais de acesso e permanência de adeptos, equipadas com mecanismos de segurança de modelo oficialmente aprovado, que previnam o efeito de arrastamento de espetadores e desde que não aumente a capacidade de lotação do recinto".