Manteigas diz que Lage terá de "decidir" e "respeitar projeto desportivo" de nova direção, caso contrário "há plano B e C"

João Diogo Manteigas acredita que os sócios do Benfica querem um novo presidente e uma mudança no clube. Em entrevista à TSF, o advogado classifica o mandato de Rui Costa como um “fracasso” dentro e fora de campo. Defende, por isso, uma aposta na valorização dos jogadores da formação no plantel de futebol, uma valorização que, diz, não existe neste momento, ideia que sustenta com o caso João Rego, jogador afastado da equipa principal, porque “não quis renovar o contrato”. 

"É preciso não ter medo de apostar em quem está na formação. Eu prefiro assumir esse risco e dou a cara para apostar em jogadores como Leandro [Santos], o João Veloso ou o Diogo Prioste, ou num João Rêgo. É uma coisa inacreditável o que estão a fazer ao João Rêgo, encostado porque não renovou, porque queriam colocar uma cláusula de rescisão de 100 milhões de euros [no contrato] (...) Não tenho dúvida nenhuma que é esse o motivo, até porque conheço o jogador, conheço o empresário. Um jogador que está encostado numa fase crucial da vida desportiva dele. Não se faz isto a um jogado."

O caso de João Rêgo é um exemplo daquilo que não deve acontecer, na opinião de João Diogo Manteigas. O candidato defende que o treinador do Benfica deve respeitar uma aposta “imediata” na formação, “sem desmembrar o atual plantel”, mas numa aposta efetiva para o futuro.  

Sobre o treinador que quer para o futebol masculino do Benfica, João Diogo Manteigas defende que Bruno Lage deve tomar uma decisão quando confrontado com uma nova direção. “Obviamente que temos um plano B e um plano C caso Bruno Lage não queira ficar connosco, por alguma razão, mas isso passa por ele, não é a nossa decisão. Nós viemos para herdar aquilo que o Benfica nos dá. Ele vai ter de tomar uma decisão, deve pensar se quer ficar connosco até final da temporada e se adere ao projeto desportivo que nós temos e vai ter de o respeitar”. 

João Diogo Manteigas considera que o treinador do Benfica deve respeitar uma matriz “ofensiva, à imagem do que Matt Busby disse em tempos do Manchester United: um futebol necessariamente ofensivo, que deve ser a imagem de marca do Benfica, um futebol que agrade aos sócios e adeptos, um futebol cativante, um futebol que o Benfica não tem hoje em dia”. 

"Bernardo Silva é um agente político"

Sobre a promessa eleitoral de João Noronha Lopes que fazer regressar Bernardo Silva ao Benfica, João Diogo Manteigas explica que o jogador do Manchester City e da seleção não deve ser visto como apenas um atleta. “Bernardo Silva não é um mero jogador. Bernardo Silva é um agente político. Tem duas vertentes: a profissional, um jogador com 31 anos, que vai fazer 32 em agosto do próximo ano (...) e que começa a acelerar para o final da sua carreira.(...) Mas também acho que é um jogador verdadeiramente interessado no Benfica e estou a analisar se ele aceita ser uma arma de arremesso nas eleições do Benfica."

Manteigas recorda que Bernardo Silva assumiu no passado o apoio a Noronha Lopes e por isso quer saber qual a ideia do atleta sobre estas eleições. “Ele em 2020 posicionou-se e sabe que teve esse posicionamento a mexer com as eleições. Eu convivo bem com isso, e ele conhece-me, sabe como eu sou. Aquilo que me interessa de Bernardo Silva em setembro e outubro de 2025 é que ele é sócio do Benfica e deve vir cá para votar ou ir a uma casa do Benfica mais próximo de Manchester”. 

Como “agente político”, João Diogo Manteigas acredita que Bernardo Silva tem algo claro sobre o seu futuro profissional e sobre o seu futuro dentro do Benfica. “Se o Benfica não mudar eu tenho sérias dúvidas que o Bernardo aceite negociar com o Benfica. Portanto, voltando Vieira ou ficando Rui Costa, Bernardo Silva não negoceia com eles. Se me perguntar que é Noronha Lopes que tem a exclusividade da negociação com o Bernardo Silva eu refuto taxativamente isso”. 

Rui Costa e um Benfica campeão europeu no feminino

Há um ano em campanha, João Diogo Manteigas entende que os sócios do Benfica já deram sinais evidentes de mudança. “Tenho dificuldade para perceber como é que o incumbente [Rui Costa, atual presidente] vai conseguir dar algo de novo para mudar. Coloca-se numa posição em que vai ser avaliado pela sua gestão nos últimos quatro anos”

O exemplo das primeiras eleições de Rui Costa como candidato alimenta esta ideia. "Devo recordar que, em 2021, Rui Costa candidatou-se contra Francisco Benitez que teve quase 14% de votos a favor. Essa já é uma manifestação contra algo que era um tipo de gestão que Rui Costa veio a confirmar, que manteve. Portanto, sim, eu acredito que [o Benfica] vai mudar, e não tenho dúvidas que vai mudar."

Há no horizonte de João Diogo Manteigas mudanças necessárias nas várias modalidades, mas também uma ideia para o futebol feminino que deve ser consumada quanto antes. “O Benfica deve criar uma SAD autónoma, deve arranjar um parceiro estratégico - e aí vou aos Estados Unidos à procura desse parceiro. (...) Há que ser campeão europeu imediatamente. Se perder o comboio vai ser muito mais difícil."