Marrocos tem aquilo que Portugal perdeu e precisa de recuperar?
Um tempero diferente em alguns dos jogadores de Marrocos. Ziyech ou Boufal brilham nos duelos. Também existiam extremos assim em Portugal.
Corpo do artigo
Chegou a hora dos heróis no Mundial 2022. E já há alguns para sublinhar na caderneta. Sofiane Boufal, hipnotiza. Aos 29 anos já deixou a Premier League para jogar o que resta da carreira no modesto Angers. Marcos Llorente foi vítima do extremo serpenteante. Nova vítima na fase a eliminar, a seleção portuguesa. Não é o jogador mais efetivo, mas faz lembrar outros tempos do futebol português, a era do jogo aos repelões, de Quaresma, do jovem Ronaldo, esguio e alucinante. E ainda há, na seleção marroquina, Ziyech.
Ao olhar para os extremos portugueses de 2022, só Rafael Leão tem algo de improviso irresponsável e transgressor. Fernando Santos optou por outro perfil, com Ricardo Horta, João Félix, Otávio, Bruno Fernandes ou Bernardo Silva com a responsabilidade de criar. Na ausência de Pedro Neto - lesão -, Gelson Martins, Podence ou Gonçalo Guedes fariam sentido, mas não seriam, à partida, primeiras ou segundas opções.
Também nas meias-finais, a Argentina revela outra face do jogo: capacidade dos jogadores nos duelos defensivos - vem à cabeça De Paul, Otamendi, "Cuti" Romero -, no um para um destacam-se pela capacidade para resistir ao desequilíbrio adversário. No duelo de pares promovido pelos Países Baixos - Van Gaal com marcações ao homem, como visto em treinadores como Gasperini ou Bielsa nos últimos anos -, a Argentina levou vantagem.
Num outro estilo, Griezmann e Lionel Messi continuam a ditar regras. Pausa, passe, receção, leitura. Aproximam os companheiros do sucesso. Tem faltado a Messi aquilo que Maradona encontrou em Burruchaga ou Cannigia. Mas há Julián Álvarez e talvez Di Maria numa melhor versão para o que resta. Griezmann tem opções de sobra. Mbappe, Dembelé, Coman aproximam Les Blues do ouro.
