Inês Henriques faz na TSF o balanço da carreira profissional na altura em que vai "pendurar as sapatilhas".
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Inês Henriques, campeã do mundo de 50 km em marcha, em Londres 2017, e vencedora do Europeu, em Munique 2018, vai despedir-se do atletismo de alta competição no próximo domingo. Encerra o capítulo competitivo na corrida do torneio de freguesias riomaiorense de São Sebastião, onde alinhou pela primeira vez, com 12 anos, numa competição batizada com o nome de Jorge Miguel, o seu treinador de sempre.
À TSF, Inês Henriques fez o balanço de uma carreira recheada de conquistas, revelando estar orgulhosa de tudo o que alcançou: "Foi uma carreira longa, que teve altos e baixos, e consegui ser campeã do mundo já com 37 anos, eu própria não esperava, mas os 50 km deram-me essa possibilidade. Superei algumas dificuldades e em 2017 e 2018 alcancei o auge da minha carreira."
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Sobre o estado do atletismo, a atleta de 43 anos realça a falta de formação e apoios ao desporto e a necessidade de captar jovens desportistas de forma natural e não através de testes que, garante, nem a própria "passava".
"O atletismo não está muito bem, temos tido algumas medalhas, mas de atletas naturalizados. Todos os países fazem isso, é um facto. Há alguns países que apostam na formação e nós temos descurado um pouco isso. Se não temos formação e não vamos às escolas buscar atletas, não teremos atletas futuramente. Os teóricos dizem que têm de ser talentos estipulados, eu se for fazer algum desses testes de talentos provavelmente não iria passar e não me veria como campeã do mundo", confessa.
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Com mais de 30 anos de carreira, Inês Henriques fala de um orgulho enorme nas conquistas que obteve e revela que a conquista dos Jogos Olímpicos na disciplina de marcha só não aconteceu porque, considera, não a deixaram.
"Faltou-me conquistar os 50 km nos Jogos Olímpicos. Fizemos tudo o que dependeu de nós, o que dependeu das forças que está nas entidades de desporto mundial não nos permitiu. Quiseram mostrar que eram eles que mandavam e não nós. Existem tantos apoios quando se fala da igualdade feminina, eu costumo dizer igualdade de oportunidades. Queria ter as mesmas oportunidades que os meus colegas, que não tive, e ninguém se juntou ao movimento das marchadoras para lutar pela igualdade, que devia ser um direito e que não devíamos estar a exigir", lamenta.
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Um campeonato do mundo de 50 km marcha, um europeu, três presenças em Jogos Olímpicos e quatro presenças no Top 10 em Mundiais deixam Inês Henriques na história do atletismo nacional.