Poucos metros ao lado do hotel da seleção portuguesa em Marienfeld há uma quinta onde vivem 70 alpacas e uma delas está à espera de ser apadrinhada pelo capitão de Portugal
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Estamos a um quarteirão do hotel da seleção portuguesa. Há uma placa gigante que diz "Auerland Alpakazucht Marienfeld" com a imagem de três alpacas e um número de telefone. É o contacto de Bukhard Bruns, homem de 49 anos, simpático e com bom inglês, o dono de uma quinta com cerca de 70 alpacas. Ele combina com a reportagem da TSF à porta da loja com produtos de alpaca para daí arrancarmos para a quinta, que fica a dois ou três minutos de carro do local onde combinámos. À boa moda germânica, Bukhard cumpre com rigor a hora agendada para a saída do ponto de encontro. Seguimos por uma estrada estreita, com paisagem verdejante e rompemos pelo interior do bosque em direção às alpacas.
São animais medrosos, mas curiosos. Quando passamos pelas alpacas, ainda do lado de fora da cerca, ficam todas paradas a olhar e a observar os nossos movimentos, como que pousando para uma fotografia de grupo. Bukhard explica que são animais "inofensivos", mas "gostam de distância". A arma de defesa deles é "cuspirem", mas "raramente cospem nos humanos", preferem guardar isso para as brincadeiras ou lutas entre eles. Vamos, finalmente, entrar na quinta, após o dono nos ter deixado uma longa e interessante explicação sobre estas adoráveis criaturas.
Ao entrarmos na quinta, os comportamentos repetem-se. Estão paradas, olham muito, meio assustadas, meio curiosas, enquanto algumas vão mastigando os seus alimentos vegetarianos. Atravessamos para uma zona mais lateral da quinta e, entretanto, as alpacas começam a ganhar alguma confiança com a nossa presença. Aproximam-se, ainda que devagar, cheiram, lançam alguns gemidos típicos do animal e voltam às suas posições iniciais. Somos bem recebidos e Bukhard diz que elas se sentem cada vez mais à vontade porque "já perceberam que não somos nenhuma ameaça" à integridade física delas.
"Este é o Ronaldo", exclama o dono da quinta, apontando para uma jovem alpaca. Tem pouco mais de um mês de vida, pele branca, olhos de cria e foi batizada de Ronaldo por Bukhard Bruns em homenagem à presença da seleção portuguesa em Marienfeld. Quando souberam que Portugal ia aqui estagiar decidiram que o primeiro macho a nascer iria receber o nome do capitão de Portugal. É uma alpaca do tipo "suri", "gosta de estar em todo o lado e saber tudo o que se está a passar e corre muito rápido". É assim que o dono a descreve, explicando que os mais novos são sempre os mais rápidos. Ronaldo alpaca é, também, destemido, já que não tem receio de se aproximar da reportagem da TSF, fazendo jus a quem o descreve como "muito curioso".
Na quinta, ainda se sonha com a presença do capitão de Portugal: "Falei com o diretor do hotel para saber se ele podia contactar o Ronaldo para apadrinhar a alpaca. É um desejo, se acontecer, tudo bem, senão a alpaca fica como memória de que a seleção portuguesa esteve aqui", afirma, sorrindo, Bukhard, que tem esta quinta desde 2012. Começou com sete alpacas e agora já vai em setenta. Por incrível que pareça, tem um nome para cada uma delas e não tem dificuldade em distingui-las: "são como os humanos, cada uma tem uma cara diferente", diz.
Elas têm pelo de três cores: castanho, preto e branco, mas não significa que um filho que resulta de uma de cor preta e outra de cor branca, nasça castanho. Ou nasce de pelo preto ou branco. E é no pelo que está o valor do negócio. É com ele que se fazem meias quentinhas, "para os dias mais frios de inverno aqui na Alemanha" e, também, cobertores, que "são preenchidos com a "lã de alpaca que nos faz sentir no céu enquanto estamos a dormir", compara, Bukhard, lançando uma longa gargalhada. Este homem, apaixonado por estes animais tenros e ímpares na personalidade, recebeu com enorme simpatia a reportagem da TSF. Agora, pode ser que a próxima visita seja de Cristiano Ronaldo.