Bruno Pinheiro, o português que orienta a seleção sub-19 do Qatar, conta a sua aventura na rubrica "Treinadores portugueses pelo mundo". Recorda-se do capitão que há dias defendeu penálti?
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Com a bola nos pés, não passou dos distritais. Enquanto treinador, acaba de qualificar a seleção sub-19 do Qatar para o equivalente ao Campeonato da Europa da Ásia. E de uma maneira digna de filme: os seus meninos venceram o Iraque nos penáltis. Ok, até aqui tudo bem, mas isto melhora. O seu guarda-redes foi expulso durante os penáltis e o capitão saltou para a baliza... para defender o derradeiro remate. O convidado do novo "Treinadores portugueses pelo Mundo", um programa conduzido por Ricardo Oliveira Duarte (segunda-feira na TSF, depois das 18h40), é Bruno Pinheiro.
A vida deste professor de Educação Física foi, durante algum tempo, jogar futebol "nas terriolas" onde lecionava. Agarrou no apito nas escolas de formação do Benfica, para depois somar experiências no Belenenses, Mafra e Elétrico. Uma dica de um treinador de guarda-redes do Restelo levou-o para a reputada Academia Aspire, no Qatar.
Disse sim, deixou o Ensino, ao qual dedicou 16 anos da vida, por uma paixão maior. "Acabei por seguir essa aventura. Chegas a um país completamente diferente, cultura totalmente diferente, clima... Um futebol e jogadores com mentalidades diferentes." O mais difícil foi deixar a família para trás, passou quase "quatro meses a chorar diariamente".
O trabalho na Aspire, com vitórias e bom futebol, conta, fizeram-no saltar para a federação. "Continuo com vínculo com a academia. Fizemos agora a qualificação para a AFC, o equivalente ao Campeonato da Europa. (...) Sabíamos que o empate era suficiente. De qualquer forma, o futebol vive-se de forma diferente e há jogos que não se podem perder, como um Benfica-Porto, independentemente da classificação. Um Iraque-Qatar ninguém quer perder."
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Foi aqui, durante as grandes penalidades, que o guarda-redes saiu do lugar e viu o segundo amarelo e consequente vermelho. E o capitão lá saltou para a baliza. "Enquanto ajudava o colega a calçar as luvas, deu-lhe indicação para onde o adversário ia bater. O capitão segue a indicação e defende com os pés. É um momento completamente diferente. Acaba por ser hilariante. Foi uma história brutal."
Um dos maiores desafios deste treinador de 41 anos é convencer os jogadores. Afinal, "não vais dizer a um jogador que tem tudo e mais alguma coisa para correr porque precisa do dinheiro. O teu discurso tem de se adaptar". Bruno Pinheiro, garante, vive no paraíso em termos de condições de trabalho. Ele e, pelo menos, mais 13 portugueses na academia, inclusive um professor... de esgrima. O próximo objetivo é atingir o Campeonato do Mundo de sub-19.
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