É oficial: Neymar Jr. é reforço do PSG de Unai Emery por 222 milhões de euros. É a transferência mais cara da história do futebol.
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Neymar é rua. Alegria e dureza. Bola no chão. Neymar é ousadia e classe, é provocação. O craque brasileiro, o Pelé dos tempos modernos, tem sorriso malandro e gosta de balada. Parte da esquerda para o golo, tem ginga, é especial. É o 10 da seleção brasileira, a mais mítica. É o farol do talento, é o sonho de imitação de qualquer garoto que fala português com sotaque molhado em cana-de-açúcar. Neymar, que tem um lado misterioso, qual nevoeiro em forma de homem, é também capaz de abandonar um clube como o Barcelona, mudar-se para Paris, para ser o rei do Parque dos Príncipes, e transformar-se no jogador mais caro da história: 222 milhões de euros.
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Neymar é do PSG desde este 3 de agosto de 2017. Na manhã de terça-feira o brasileiro colocou uma publicação no Instagram a dar conta de que estava no Dubai, fazendo levantar as primeiras sobrancelhas. Depois, na quarta-feira, o Barcelona anunciou que o brasileiro decidiu abandonar. "Tropeçou no céu como se ouvisse música, flutuou no ar como se fosse sábado", nem por acaso tocava nos phones deste computador uma canção de Chico Buarque enquanto se escrevinhava o novo fado do atleta nascido em Mogi das Cruzes, em São Paulo. O miúdo que já não é miúdo vai viver uma vida cor-de-rosa, vai brigar pela Bola de Ouro e vai servir de cola para jogadores como Verratti, Di María e Cavani. Ah!, e deverá bater à porta de Pastore, para lhe pedir a camisola 10.
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Já há alusões a Luís Figo, pois claro. O português trocou o Barcelona pelo Real Madrid em 2000, deixando Espanha virada do avesso. Aí também o Barça não teve voto na matéria, pois o presidente blanco depositou o valor da cláusula de rescisão na conta dos catalães. "Pesetero", era assim que era chamado na Catalunha. Neymar vai pelo mesmo caminho, com cartazes a chamar-lhe "traidor". Durante as últimas semanas, uma frase de Johan Cruijff, a mente brilhante do ADN Barcelona, voltou à baila: "Aquele que duvida jogar aqui, já não nos interessa..."
Muitos torceram o nariz quando o viam no Santos a fazer aquelas coisas impossíveis que só eram possíveis no Brasileirão: "É um brinca na areia" e "na Europa nunca vai dar". Quem não se recorda? Enganaram-se porque Neymar costuma ser quem quer. Gosta de dançar, diverte-se a jogar futebol, é competitivo, tem coragem no gramado e decidiu ser um super-craque em Barcelona, junto de Messi e Suárez.
Um exemplo do seu caráter foi o confronto com um jornalista, no ano passado, quando foi questionado o seu compromisso com a seleção brasileira: "Você frequenta baladas até quando o Brasil empata com o Uruguai e você é suspenso com o segundo cartão amarelo". O olhar de Neymar era gélido...
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"Eu acho que você tem de começar a ver as coisas que faço dentro de campo. As coisas particulares, a partir do momento que estou fora, é particular. Você pode olhar para mim, por gentileza? Para ter um clima de amigo, sem ficar bravo, sem ficar chateado, 'tá?", começou por dizer o brasileiro. "Você tem de me cobrar dentro de campo. Isso dos cartões, não tem problema nenhum de cobrar. Sou um cara de 24 anos. Tenho as minhas conquistas, as minhas coisas. Sou muito tranquilo quanto a isso. Pode criticar, tenho os meus erros. Não sou nenhum cara perfeito, mas gosto de sair, de me divertir com amigos, tenho família e amigos. Porque não posso ir para a balada? Não tem um porquê. Posso sim. E vou. Se tenho consciência do meu dia seguinte, eu vou. Dentro de campo sempre me entrego. Acabo errando, sim. Ainda vou errar mais."
A seguir, o grande final: "A sua pergunta foi até -- desculpa, é a minha opinião -- um bocado maldosa. Vou levar na boa. Estou só explicando. Imagina você com 24 anos, ganhando tudo o que ganhei, tudo o que eu tenho, você seria o mesmo que eu?"
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Neymar tem 25 anos e já marcou 52 golos em 77 jogos oficiais pela seleção principal do seu país. É já o quarto melhor marcador da canarinha, atrás de Pelé (77 golos em jogos oficiais), Ronaldo (62) e Romário (55). Nota: Pelé tinha 52 golos com 25 anos, segundo este texto no Correio Brazileirense.
O brasileiro ex-Santos, o mesmo clube que Pelé eternizou, chegou a Barcelona em 2013. Foram, portanto, quatro anos vestido de blaugrana, com 105 golos e 59 assistências em 186 jogos E muitos dribles, claro.
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As polémicas andam de braço dado com a sua sombra. Seja por provocações dentro do campo, seja por uma transferência obscura para o Barcelona, ou ainda pelo papel do pai, sempre muito referido nestas andanças. Basta ver a secção "Neymar" no El País.
O atleta conta também no seu currículo com participações em novelas como "Malhação", "Carrossel", "Amor à Vida", A Regra do Jogo" e no filme "XXX: The Return of Xander Cage". É hábito, aliás, o jogador promover e mostrar músicas brasileiras no seu Instagram.
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O palmarés, esse, não está para brincadeiras: Jogos Olímpicos (2016), Taça das Confederações (2013), Liga dos Campeões (2015), Taça dos Libertadores (2011), duas Ligas Espanholas (2015, 2016), Campeonato do Mundo de Clubes (2015), entre muitos outros. São 14 no total, segundo o zerozero.
A intenção de Neymar passará por ser rei noutro lado, algo impossível num balneário onde existe Lionel Messi. A bola até tem borboletas na barriga quando é tocada pelos dois, mas os adeptos nem hesitam quanto a suspiros de coração. Neymar, especula-se, quer ser o número 1 da banda, quer a camisola 10, quer lutar pela Bola de Ouro. Tornar-se no jogador mais caro da história do futebol também não será um facto irrelevante.
Uma coisa é certa: Neymar, que parece viver num mundo onde nunca chove, vai continuar a flutuar no ar como se fosse sábado em Paris. Continuará a partir da esquerda para o golo, com a bola encantada e obediente, até aquecer o sangue que corre nas veias dos adeptos embevecidos que lhe vão dizer "merci".
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