O FC Porto deixou dois pontos nas Aves. Benfica pode reaproximar-se da liderança.
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Neste surreal campeonato, que vive agora uma segunda fase sem adeptos, os principais candidatos ao título parecem ter celebrado um estranho pacto: ninguém quer ser campeão!
Na verdade, a Liga Portuguesa vive dias de cinzentismo e não se culpe o Covid por isso! O défice de excelência é enorme, as equipas mais fortes estão cada vez menos fortes e as mais fracas limitam-se a agarrar-se à bóia de uma defesa porfiada como se de um náufrago se tratassem! Tal, aliás, seria referido por Sérgio Conceição na antevisão ao desafio desta noite, ao lembrar outros tempos em que o tridente de ataque portista contava com Hulk, James e Falcao...
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Para tentar dar esse toque revivalista de qualidade, Sérgio deixou no banco os seus expoentes máximos do futebol directo. Os poços de força que são Marega e Soares, para apostar num meio campo móvel em que Matheus Uribe era a âncora de toda a organização, apoiado por Sérgio Oliveira. À frente deles, Corona na direita, Luis Diaz na esquerda e Octávio nas costas de Zé Luís, que tarda em demonstrar um instinto goleador com pergaminhos para uma equipa que quer vencer títulos.
Do outro lado, o tal náufrago, que nem sequer a bóia tem direito, tal a míngua pontual. O Desportivo das Aves, que vinha de um singelo empate nos últimos sete desafios, gizou uma estratégia para ser competitivo. Três centrais, dois laterais recuados, um triângulo medular com Falcão a ser, por vezes, um quarto central e dois homens a apoiar o avançado Mohammadi, um solitário perdido por entre os defesas dragões.
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Pese embora as ideias de jogar menos directo, como é o seu apanágio, os homens da Invicta sentiram dificuldades na construção e na criatividade. Os extremos não se soltavam. Os laterais,esses, procuravam compensar e criar desequilíbrios, principalmente o estreante Tomás Esteves na direita ainda que enredando-se na teia adversária. Por isso, apenas, Corona dava o toque de imprevisibilidade a uma equipa demasiado formatada, previsível. Aliás, parece que quaisquer que sejam os jogadores e esquemas que Sérgio Conceição escolha, o conceito de imprevisibilidade é algo que não abunda no Dragão.
Aliás, a noite haveria de ser tão paupérrima que Zé Luís falharia uma grande penalidade, num lance que promete dar que falar, pois o guardião Fábio parece não ter cometido qualquer infracção!
A segunda metade continuaria no mesmo registo. O Porto a querer e a não poder... o Aves a não poder e a não querer, a jogar ao ataque "fechadinho cá atrás", como diria mestre Pacheco. Realce, contudo para um homem, o guardião Fábio Szymonek, que quando uma centelha de inspiração portista permitia criar uma oportunidade, ou a muralha avense parecia soçobrar, alcançava o impossível, com voos felinos, reflexos sublimes, tornando-se num verdadeiro bastião de resistência.
Como tal, sem inspiração, os Dragões apostaram na transpiração...em vez da qualidade, a solução seria a quantidade. Os portistas acabariam o jogo com uma linha de 5 avançados, apoiados pelo jovem Vítor Ferreira. Como diria Quinito, com "toda a carne no assador", quase a "fazer brasa do próprio grelhador". Porém, nem assim... quando a arte superava o habitual neste desafio, Fábio voava... sacudia a bola e garantiria um empate que pode permitir que os dois candidatos ao título fiquem igualados...ou, então não, atendendo ao défice de qualidade que os dois pretendentes demonstram!
* A Economia do Golo