“Nos treinos, o Ronaldo às vezes até se tornava chato. Queria sempre competir com os melhores”

Cristiano Ronaldo no Sporting
Rodrigo Cabrita (arquivo)
Duarte Monteiro, que partilhou balneário com Ronaldo nos sub-19 do Sporting, lembra como o capitão português incentivava todos os jovens da Academia leonina
Cristiano Ronaldo desde muito cedo impressionava todos os que se cruzavam com ele. No dia em que completa 40 anos, a TSF conversou com Duarte Monteiro, antigo jogador que se cruzou com Cristiano Ronaldo na Academia do Sporting, e que contou como o jovem madeirense sempre se destacou.
“Lembro-me de que no próprio treino ele era quase demasiado competitivo. Às vezes até se tornava chato porque ele queria sempre competir com os melhores. Quando eu digo com os melhores, é aquele que seria o atleta mais rápido do plantel, ele só faria velocidade com esse atleta. Estava constantemente a querer ganhar nos duelos, constantemente a querer ganhar nos exercícios. Se fosse para saltar mais alto, ele só iria fazer aqueles exercícios com os atletas que saltassem mais alto”, conta Duarte Monteiro.
Nos treinos, Duarte e Ronaldo eram uma parelha habitual: "Eu era talvez um dos atletas mais rápidos do plantel e ele fazia sempre a velocidade comigo. Depois eu jogava numa posição contra ele, era defesa lateral, e normalmente jogávamos ou treinávamos sempre um contra o outro por causa disso também. Ele era muito forte, muito rápido, muito tecnicista, tinha capacidade defensiva, então estávamos constantemente a duelos.
O espírito competitivo e a ambição até causava estranheza aos colegas da Academia, mas rapidamente, Cristiano influenciou os restantes. “As primeiras vezes que ele ficava a bater livres depois do treino e que ficava lá sozinho, causa alguma estranheza. Mas depois junta-se mais um, depois junta-se outro, e às tantas já estão cinco ou seis a bater livres e a quererem mais. Porque ele batia, porque ele melhorava, porque ele fazia golos".
O ir para o ginásio, o comer melhor, o treinar mais, o treinar melhor. Tanto para os mais novos, nas fintas que ele ia inventando, que depois foram replicadas por outros, como no pós-treino, ter terminado o treino e continuar a treinar, continuar a rematar a análise, pedir aos guarda-redes para ficarem, bater mais um livre, mais um penálti, mais um exercício...
Duarte Monteiro era mais velho do que Cristiano Ronaldo e dava-lhe boleias depois dos treinos. Foi nesses momentos que ouviu o jovem madeirense sonhar com o futuro.
“Lembro-me de algumas conversas que fomos tendo e ele dizia-me, em tom de brincadeira, que ia ser o melhor do mundo. Relativamente, por exemplo, a namoradas, ele dizia: 'Não quero saber nada disso, só me vou casar depois dos 30, quando fizer a minha carreira, vou ser o melhor do mundo, vou criar o meu legado”, conta.
E assim foi. Aos 40 anos, Ronaldo passou por Sporting, Manchester United (por duas vezes), Real Madrid, Juventus e Al Nasr. Fez 1263 jogos e marcou 923 golos. Ganhou 34 títulos coletivos, entre eles 5 Liga dos Campeões, um campeonato da Europa e uma Liga das Nações, e 68 prémios individuais. É capitão da Seleção Nacional e um dos maiores nomes do desporto a nível mundial.
