Novas instalações do Estádio Universitário do Porto querem sensibilizar Governo para necessidade de investimento
Luís Montenegro e o ministro da Educação participam, esta sexta-feira à tarde, na inauguração deste espaço renovado, no polo universitário de Campo Alegra. As obras custaram sete milhões de euros e foram totalmente pagas pela Universidade, que quer sensibilizar o Governo para a necessidade de apoio financeiro
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Nesta área de mais de sete mil metros quadrados, pode ver-se a Ponte da Arrábida e sentir a brisa do Douro. Aqui, o tempo parecia ter parado. Inaugurado em 1953, o Estádio Universitário da Universidade do Porto (UP), no polo de Campo Alegre, foi alvo de muito pouca intervenção desde a década de 60. Andreia Costa, estudante de engenharia civil e atleta de andebol, lembra-se como era.
"Às vezes, até o facto de batermos a bola no chão, a bola tomava um rumo diferente por causa mesmo da degradação em que estava o pavilhão." Isto porque, nesta modalidade, as jogadoras batem com a bola para cima e para baixo, como também se faz no basquetebol. O piso, conta a estudante, estava danificado e com falhas: partes mais altas, outras mais baixas, levemente inclinadas, e isso fazia com que a bola, ao bater no chão, às vezes fosse para outra direção que a jogadora não queria.
Mas agora o cenário é outro. A TSF entrou em campo neste espaço renovado e visitou dois edifícios, um campo desportivo e um pavilhão. Todos alvo de uma intervenção. Pareciam nunca ter passado pelos efeitos do tempo – apesar da gravura que data do Estado Novo ao lado de uma das portas.
Aqui, ficam escritórios, balneários, e um espaço dedicado ao ioga.
Passando uma das portas, pisamos um relvado, extenso, onde se pode jogar futebol e râguebi. A relva, sintética, mas macia, é aprovada pela FIFA e pela World Rugby. Este campo fica entre os novos edifícios e dois pavilhões: o A e o B.
Passamos por torniquetes para chegarmos aos pavilhões. Ficam debaixo do mesmo teto, mas o espaço é dividido em dois para acolher mais do que uma atividade ao mesmo tempo. Aqui, as condições estão preparadas para várias modalidades – badmínton, basquetebol, andebol, voleibol –, com uma área dedicada à prática de musculação. O piso é aprovado pela Federação Internacional de Basquete (FIBA) e as redes, balizas, e todas as estruturas são novas. Na parede, estão penduradas faixas com nomes de antigos e atuais alunos com uma coisa em comum: todos são atletas.
Com um entusiasmo nos olhos, o diretor do Centro de Desporto da Universidade, Bruno Almeida, mostra-se contente pelas atuais condições conseguirem receber competições. “O que nós tentamos pensar é que, realmente, as instalações, quando as recuperamos, [os materiais] têm que ser de enorme qualidade, em que dê para as duas vertentes: a parte do desporto para todos, que é importante, mas também receber a parte da competição deste relvado.” Além disso, um espaço renovado e cuidado ajuda a “prevenir lesões”, sublinha.
O vice-reitor do Património Edificado e da Sustentabilidade, Pedro Costa, quer sensibilizar o Governo para a necessidade de apoio financeiro para a requalificação de infraestruturas como esta, até porque os sete milhões investidos no Estádio Universitário proveem da própria universidade.
“Neste momento, [o investimento] foi, todo ele, realizado apenas com orçamento próprio, portanto, seria importante sensibilizar quer o governo central, quer as CCDRS (Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional), para a necessidade de se encontrarem os mecanismos de apoiarem a universidade nesta missão”.
Para Pedro Costa, no renovar é que está o ganho. “Eu diria que é importante criar esses mecanismos não apenas para o apoio à construção nova, mas temos que nos preocupar em garantir planos de manutenção e de requalificação ao longo do tempo”, defende.
Como já diziam os antigos, “mente sã, corpo são”. A estudante de química Francisca Silva não podia estar mais de acordo. “Eu acho que se não tivesse desporto, eu nesse momento não aguentava o meu no último ano. Às vezes faço 10 a 11 horas no laboratório, portanto, eu preciso do desporto para descontrair, sem dúvida.”
A aluna praticava no ano passado basquetebol e futsal. Hoje, dedica-se exclusivamente a esta última modalidade. Francisca Silva diz que as suas colegas de equipa são as suas “meninas”, sublinhando que há uma magia no desporto académico que não encontra em lado nenhum. “Nós vibramos muito com a alegria dos atletas, a alegria das minhas ‘meninas’”.
E como é que Francisca e as suas colegas olham para as novas condições do Estádio Universitário? “Nós vemos isto como um lado muito positivo, uma evolução incrível. O ano passado, o piso do pavilhão estava completamente mau em termos de prática, nós não conseguimos praticar. Então acho que posso falar por todas as modalidades que praticam lá: nós finalmente conseguimos praticar, conseguimos ter toda a segurança para a prática desportiva.” A estudante diz que os atletas agora “simplesmente querem mais treinos, e mais treinos, e mais treinos, porque no ano passado ou no início deste ano não tivemos assim tantos treinos devido ao pavimento.”
Esta sexta-feira à tarde, as novas instalações do Estádio Universitário são inauguradas e contarão com a presença de Luís Montenegro, do ministro da Educação, Fernando Alexandre, e do reitor da universidade, António de Sousa Pereira.
O objetivo da UP é aumentar em 40% o número de estudantes que praticam desporto, mas, para isso, a Universidade quer também fazer obras nos outros dois polos da cidade: um fica na Asprela e outro na baixa do Porto.
Contudo, com as novas instalações, a Universidade do Porto espera que este seja um novo capítulo para fazer brilhar novos atletas.
