Aos 42 anos, Nuno Espírito Santo abraça o terceiro clube como treinador principal, numa curta carreira iniciada em 2012. E não lhe falta ADN de dragão.
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Agarrou nos "comandos" do Rio Ave em 2012 e conduziu a equipa vila-condense a uma final da Taça de Portugal. Deu o "salto" para o Valencia em 2014 e surpreendeu (ou talvez não...) na primeira temporada ao serviço de um dos melhores clubes da Liga espanhola. Terminou em quarto lugar e qualificou-se para o play-off de acesso à Liga dos Campeões, que veio a ultrapassar na época seguinte.
Esta temporada, atingiu a fase de grupos da Champions, atirando o Monaco de Leonardo Jardim para fora da grande competição. Entretanto, a nível interno, a carreira do Valencia complicou-se e intensificou-se a contestação ao técnico português. No fim de novembro, uma derrota com o Sevilha precipitou a decisão de sair do clube che, à 13ª jornada da Liga. O balanço não agradava. Em 20 jogos, oito derrotas e o nono lugar no campeonato. Durou 17 meses num clube que o milionário Peter Lim comprou, mas que ainda procura estabilizar.
Agora que o FC Porto chegou ao fim de mais uma temporada sem ganhar qualquer troféu, eis que regressa ao Dragão o autor do slogan "Somos Porto", lançado numa célebre intervenção em 2010, após o caso do "túnel da Luz". Nuno Espírito Santo era, então, um dos capitães de equipa, numa segunda passagem pelos azuis e brancos.
Apesar viver na sombra do titular Helton - tal como antes esteve na de Vítor Baía, aquando das conquistas da Champions e da Taça UEFA - fez por deixar bem impresso o seu carisma, sendo um dos "estandartes" das ambições portistas.
Há um episódio, que viveu ainda como jogador, revelador de como a personalidade de Nuno Espírito Santo agradava até ao selecionador nacional. Em 2008, com a lesão de Quim, já quando a seleção nacional estava na Suíça para disputar mais um campeonato da Europa, Luiz Felipe Scolari não hesitou em chamar Nuno Espírito Santo para preencher a vaga deixada pelo antigo guarda-redes do Benfica. Com escassa utilização no FC Porto, Nuno era visto como o homem certo para reforçar o espírito de equipa, como foi justificado por Scolari.
Já tinha sido o primeiro grande negócio de Jorge Mendes. Em 1996, lançou a carreira do empresário, que transferiu o tímido mas eficaz e promissor Nuno - era só assim que era conhecido - do Vitória de Guimarães para o Deportivo da Corunha, onde também foi ofuscado por Songo'o e por Molina. Pelo meio, foi emprestado ao Osasuna e ao Mérida.
Agora senta-se numa cadeira de sonho, ao tornar-se treinador do FC Porto, casa onde passou seis temporadas, intercaladas pelo Dínamo de Moscovo e pelo Desportivo das Aves.