Mikel Arteta reconhece que a equipa “precisa de mudar” alguns aspectos para bater o Futebol Clube do Porto em Londres. No Reino Unido já ninguém subestima a equipa portuguesa, explica o jornalista Tom Canton. O comentador de futebol da TSF assinala também o ressurgimento de Havertz na equipa londrina.
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Mikel Arteta pensou duas vezes sobre o jogo no estádio do Dragão e alterou algumas peças na equipa do Arsenal desde esse encontro. Entra Jorginho para o meio campo e Gabriel Jesus pode ser trunfo no estádio Emirates.
Tom Canton é jornalista do site Football.London garante que o treinador do Arsenal percebeu que o jogo no Dragão (1-0 para o FC Porto) obrigava a equipa a mudanças.
“A titularidade de Jorginho é, talvez, a lição a retirar pelo Arsenal da exibição diante do Porto”, aponta. “Já perceberam que o Porto não pode ser subestimado de forma alguma”, explica. “Sérgio Conceição explicou muito bem como conseguiu parar o ataque do Arsenal no final da partida, o Arsenal teve mais posse, mas o FC Porto quis ganhar o jogo”.
De lá para cá, do Dragão até ao jogo no Emirates esta terça-feira, 12 de março, o Arsenal venceu três jogos consecutivos e assumiu a liderança - partilhada com o Liverpool - da Premier League.
“Acredito que Mikel Arteta ficou surpreendido com a pobre exibição da sua equipa na cidade do Porto. O Arsenal mostrou-se fora do seu estilo, com falta de capacidade para gerar ameaça no ataque, apesar da boa exibição do Futebol Clube do Porto. Faltou fluidez”, analisa Tom Canton.
Jorginho e Gabriel Jesus com “joker”
Arteta mudou apenas uma peça no xadrez dos arsenalistas. “Do ponto de vista das soluções individuais, a conclusão a tirar por Arteta foi a inclusão de Jorginho que vai ser titular, mas há jogadores que regressam de lesão, apesar da ausência de Gabriel Martinelli [lesionado]. Acredito que vamos ver uma equipa diferente do Arsenal neste encontro”.
Sem Gabriel Martinelli à esquerda, porta aberta ao regresso de um internacional brasileiro. “Gabriel Jesus está de volta às opções - ele que falhou o jogo no Dragão - e pode ser opção a partir do banco ou mesmo como titular e até jogar a partir do corredor esquerdo, acredito que essa pode ser uma surpresa para este encontro. A experiência dele na Liga dos Campeões é importante, e há que recordar que marcou golos na fase de grupos”.
A exibição sem cor no Dragão fez recordar a eliminação aos pés do Sporting na temporada passada. O Arsenal caiu diante dos leões na Liga Europa numa eliminatória onde vários jogadores importantes passaram grande parte dos dois jogos no banco ou fora das opções de Arteta.
“Com o FC Porto vai jogar a equipa mais forte. Para o Arsenal este jogo com o Porto para a Liga dos Campeões vai ser encarado de uma forma diferente do que aconteceu no ano passado com o Sporting na Liga Europa. Recordo que nessa altura a equipa lidava com várias lesões, problemas com jogadores como Saliba ou Tomiyasu. Recordo-me que Reiss Nelson jogou pela direita, tal como Fábio Vieira”.
Para defrontar o FC Porto há agora outras armas no arsenal dos londrinos. “Para este jogo há Saka para a direita, há Havertz, mas também uma defesa na máxima força, com Ben White que tem estado muito bem pela direita em 2024. E claro, Odegaard vai ser titular, ele que começou no banco diante do Sporting no ano passado”.
Havertz, “reciclado” é arma a resposta a cruzamentos
O comentador de futebol da TSF Tomás da Cunha assinala a nova arrumação da equipa definida nos últimos jogos por Mikel Arteta. “O Arsenal não só tem conseguido bons resultados na Premier League como vive a melhor fase da temporada”, resume.
“Nesta fase, Arteta faz alguns acertos na equipa, com Jorginho médio cerebral à frente da defesa, com Declan Rice num papel que pertencia a Granit Xhaka, mais à esquerda, com chegada à área adversária - marcou no último jogo com o Brentford -, e, com isso, Kai Havertz fixou-se como ponta de lança da equipa e não como médio, como vinha a atuar desde o ínicio da temporada. Estas alterações criaram uma nova harmonia para os gunners”, aponta Tomás da Cunha.
O alemão Havertz encontrou na nova posição estabilidade. “Um jogador que pareceu sempre um peixe fora d ' água a jogar como interior pela esquerda, numa aposta pessoal de Mikel Arteta que não funcionou. Mérito para o treinador de, na adversidade, consegue dar uma nova resposta, ir por outro caminho. Estabelece Jorginho como médio defensivo, Rice numa outra posição, e tem em Havertz um dos melhores finalizadores da equipa”.
A presença de Havertz (1 metro e 93) na frente de ataque reforça o acerto da equipa na resposta aos cruzamentos, aponta Tom Canon. “Havertz vai ser um jogador chave na posição de avançado centro, sobretudo porque é perigoso no jogo aéreo. Acredito que as bolas paradas podem ser decisivas para criar oportunidades, apesar do Futebol Clube do Porto se ter defendido muito bem na primeira mão destas situações. Ainda assim, Havertz esteve bem neste capítulo como uma ameaça no jogo aéreo diante do Brentford [2-1 para a liga inglesa]”.
“Kai Havertz tem jogado os últimos encontros como avançado e para além dos três golos também fez duas assistências. Acredito que o alemão precisa de jogar como avançado-centro para que possa ter um melhor rendimento”, resume Tom Canton sobre o internacional alemão, jogador contratado ao Chelsea a troco de 75 milhões de euros.
Ambiente em Londres e o estilo de arbitragem
“Para vencer a eliminatória o Porto terá de marcar”, considera Tomás da Cunha. A estratégia não será muito diferente do primeiro jogo. É preciso condicionar Jorginho e continuar sem dar muita margem de manobra à direita a Odegaard e Saka. A partir daí o FC Porto pode ter outro conforto no jogo para tentar lançar o ataque com Galeno e Pepê em profundidade e Evanílson em apoio”, resume o comentador de futebol da TSF.
Do ponto de vista do Arsenal, Tom Canton garante que o público do Emirates vai ter um papel importante. Chegou finalmente o momento de entusiasmo, com a liderança da liga inglesa e uma eliminatória da Liga dos Campeões ainda em discussão. “O FC Porto vai enfrentar o mais hostil ambiente no estádio do Arsenal esta temporada”.
Para responder ao FC Porto com uma exibição mais colorida, o Arsenal tem de estar atento aos pormenores. “O estilo de arbitragem na Liga dos Campeões é diferente do que acontece na liga inglesa. Na Premier League os árbitros são mais permissivos, e o Arsenal tem de se adaptar a isso”, aponta o jornalista britânico.
“Já se percebeu que o FC Porto tem grande segurança defensiva, com nomes como Pepe, como é óbvio, mas também João Mário, que, na minha opinião, esteve muito bem no primeiro jogo a partir do lado direito, ou Alan Varela, que fez uma óptima exibição. Já percebemos que o FC Porto é muito forte no contra-ataque e o Arsenal tem de ter cuidado”.
O jogo no estádio em Londres entre Arsenal FC e Futebol Clube do Porto começa às 20h00 e tem relato em direto na TSF.