De porta sempre aberta e com vontade de conversar, na Barbearia Ramos da Amadora aguarda-se uma vitória encarnada no clássico.
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De portas abertas desde 1961, a barbearia Ramos é uma das mais antigas da Amadora. Antigo funcionário e hoje dono do espaço, Paulo Reis classifica esta como uma barbearia típica, um lugar de passagem diário para os vizinhos, seja para fazer barba ou cabelo, seja apenas para um comprimento curto ou conversa de circunstância.
Junto à porta de entrada, ao lado do banco onde os clientes aguardam a vez, há um monte de jornais desarrumado, onde se leem os títulos do dia, mote das conversas mantidas na cadeira de corte. Nesta manhã, como muitas vezes acontece, são os títulos do futebol que dominam as conversas.
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Rara é a ocasião pela qual passam pela cadeira do barbeiro adeptos portistas. Na Amadora mantêm-se a tradição: benfiquistas e sportinguistas, duelos muito particulares entre os dois rivais de Lisboa.
Em vésperas de clássico com os do norte, comenta-se o momento da equipa lisboeta. "Um empate em casa pode não ser favorável, por isso, importa apenas uma vitória", considera um dos clientes.
O barbeiro também é benfiquista, e também ele espera uma vitória encarnada, embora não deixe transparecer grande convicção. À pergunta, a qual dos jogadores do Benfica gostaria de fazer barba ou cabelo, responde sorridente: "gostaria de fazer risco ao meio ao Luisão, mas esse já não está, já não conta".
A resposta merece comentário vindo do cliente. "Antes de integrar a estrutura Luisão podia ter esperado mais um bocadinho", refere, comentando as expulsões recentes de Germán Conti e de Rúben Dias, e os problemas no eixo defensivo que se fazem adivinhar. "Talvez Luisão devesse ter passado aqui no barbeiro antes de tomar a decisão, ou ligar para a TSF, talvez assim recebe-se melhores conselhos".
O mais importante, explica o cliente, é mesmo a vitória no final da temporada. "Vencer o campeonato para o dedicar ao nosso líder espiritual, ao nosso presidente, Luís Filipe Vieira".
Já o nome do goleador, numa hipotética vitória do Benfica, barbeiro e cliente estão em sintonia. Jonas é o nome escolhido, ele que, dizem, "nem costuma marcar muitos golos nos jogos grandes, mas talvez seja desta que decide o jogo". Nem por acaso, na cadeira do barbeiro faz-se um corte semelhante ao do brasileiro. Máquina dois ou três pelos lados e atrás, tesoura por cima, e uma vitória do Benfica este fim de semana, por favor.