
João Girão
Sporting e Juve jogaram em 94, em Alvalade, para celebrar a mudança de Paulo Sousa para a equipa de Roberto Baggio e companhia. Em 2011 encontraram-se outra vez: Del Piero até fez um chapéu, mas...
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É preciso alguma ginástica para, agarrados ao retrovisor, lançar um Sporting-Juventus. Na estreia europeia entre ambos, há duas semanas, os homens que representam a "velha senhora" levaram a melhor sobre os portugueses em Turim (2-1). Mas isto tem muito mais piada quando puxamos a fita atrás, mesmo que a história resida em dois jogos particulares...
Quarta-feira, dia 10 de agosto de 1994. Estamos no velhinho José Alvalade onde a equipa da casa recebe a Juve, no jogo de apresentação. E porquê? Para celebrar a mudança para Turim de Paulo Sousa, um "seis" que na lógica de Cruijff era um "quatro", pois pensava o jogo e queria sair sempre a jogar com a bola a esfregar-se na relva, qual garoto a protagonizar um croquete à beira-mar.
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Apesar da fidelidade aos seus, os leões que ocupavam Alvalade não foram poupados no carinho ao antigo trinco. Paulo Sousa ouviu uma ovação e foi precavido: levou duas camisolas da Juve vestidas, sacou uma e lançou-a para a multidão.
Marcello Lippi meteu em campo senhores do futebol como Peruzzi, Ferrara, Jarni, Di Livio, Tacchinardi e, pois claro, Paulo Sousa. Carlos Queiroz não estava para brincadeiras e, se era para encantar os 35 mil adeptos nas bancadas, era para fazê-lo a sério: Lemajic, Nelson, Marco Aurélio, Naybet, Vujacic, Oceano, Carlos Xavier, Sá Pinto, Figo, Chiquinho Conde e Juskowiak. Pois bem, seria precisamente este último a resolver a duelo que não teria a sorte de ver Ravanelli, Roberto Baggio e Vialli. Aos 35', Chiquinho Conde roubou a bola aos italianos, lançou Figo e o extremo tocou de cabeça, isolando o avançado polaco; na cara de Peruzzi, Jusko escolheu o lado esquerdo do italiano, 1-0.
O Sporting terminaria essa época 94/95 em segundo, atrás do FC Porto, enquanto a Juventus seria campeã italiana. Na temporada seguinte, Paulo Sousa venceria a Liga dos Campeões, algo que repetira em 96/97 com a camisola do Borussia Dortmund.
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Em julho de 2011 as duas equipas voltaram ao braço de ferro, desta vez em Toronto. E os leões voltaram a reinar. Quem deu nas vistas nessa noite foi Rinaudo, a quem apontavam muito compromisso, maturidade e pedalada. Schaars mostrou categoria e Postiga dava sinais de que seria o grande avançado da equipa de Domingos Paciência. Na outra baliza já não estava Peruzzi, mas sim Buffon. A baliza da Juve, aliás, é a sua morada desde 2001. Apesar deste gigante na baliza, Yannick Djaló encolheu os ombros e meteu duas batatas lá para dentro. "A vantagem de dois golos, é bom dizê-lo, justificava-se plenamente", dizia esta crónica do MaisFutebol.
Se em 1994 aqueles que gostam de futebol a sério não tiveram direito a desfrutar de Roberto Baggio, em 2011 foi possível ver o sucessor do trono: Alessandro Del Piero. O avançado, um daqueles a quem não podia assentar melhor o "10", enganou a ratoeira do fora de jogo e lá seguiu isolado, descaído para a direita. Um defesa do Sporting até o alcançou, mas preferiu controlar a coisa. Mas esqueceu-se que aquele senhor era Del Piero e o génio picou a bola por cima de Marcelo Boeck. Golaço.
Esta quarta-feira é a valer, outra vez para a Liga dos Campeões: Sporting - Juventus, 19h45, no Estádio de Alvalade.