O dia em que Eusébio vestiu a camisola do Atlético Clube de Portugal
Bruno Sousa Ribeiro
Corpo do artigo
Muitos não sabem, mas Eusébio da Silva Ferreira já vestiu a camisola do clube de Alcântara. Na semana em que o Atlético vai defrontar o Benfica, a reportagem da TSF passou pela Tapadinha. O historiador do Atlético Clube de Portugal, Rui Gomes, conta-nos como foi.
Restavam "três ou quatro jogos" para terminar o campeonato 76/77 quando chegou ao escritório do clube um convite vindo de França. O Bastia, então uma das grandes equipas francesas, queria um particular frente ao Atlético.
Como o clube português tinha "uma equipa portuguesa de qualidade, mas talvez precisasse de qualquer coisa", o convite vinha com um detalhe tentador: podiam levar três reforços.
No Estoril encontraram dois: Zezinho e Óscar (este último que viria mais tarde a distinguir-se, mas na medicina). O terceiro reforço apareceu quase por milagre. "Epá, o Eusébio está livre."
Agostinho Gil, então diretor de futebol do Atlético, pegou no telefone. Do outro lado, Eusébio aceitou o convite e colocou duas condições claras: viajava sozinho e recebia o cachê antes de entrar em campo.
"Eusébio foi mais esperto que os outros", recordam hoje. E foi. Recebeu o cachê ainda antes de sair do hotel. Chegou discreto, equipou-se na cabine do Atlético, não deu confiança a ninguém. E entrou em campo.
Não existe uma única fotografia.
O jogo começou. Eusébio - já longe dos seus dias de explosão - jogou "devagar, devagarinho e parado", segundo os relatos. Mas esteve lá. Tocou na bola. Usou a camisola do Atlético. E, ao fim de 30 minutos, saiu. Tão silencioso quanto chegara, desapareceu no fim da partida. Ninguém o viu mais.
O Atlético ganhou por 1-0.
