"O dinheiro não é tudo." Antigos jogadores e dirigentes apostam na continuidade de Amorim

Foi uma noite em claro para milhares de sportinguistas. A derrota do Benfica contra o Famalicão, a duas jornadas do final do campeonato, entregou o título de campeão nacional ao Sporting. José Roquette, antigo presidente do Sporting, conta no Fórum TSF que ainda está a recuperar da festa, mas saúda uma equipa que gosta de "dar espetáculo" e garante que este título não caiu do céu.

"Não foi por sorte ou por acaso que o Sporting venceu este campeonato nacional. O Sporting é hoje uma instituição a funcionar bem, em respeito pelos seus valores históricos. O meu avô, José Alvalade, não era um clubista faccioso, naquela altura também ainda não havia clube, mas era alguém para quem a competição desportiva era importante para todos, vencedores e vencidos. Frederico Varandas é hoje um Presidente que fez - e bem - o seu melhor na missão que em tempos muito difíceis aceitou", afirma.

No entender de Sousa Cintra, este título do Sporting não se discute e Rúben Amorim é responsável pelo sucesso. "A vitória do Sporting é uma vitória justa e fico muito feliz porque amigos meus benfiquistas, portistas e de outros clubes reconhecem que o Sporting este ano é um justo vencedor. São unânimes em reconhecer que o Sporting é campeão com todo o mérito, às vezes há dúvidas, mas desta vez não há dúvida nenhuma. Na minha opinião pessoal, quem fez o Sporting campeão foi o conjunto de coisas liderado por aquele grande treinador. O nosso treinador faz a diferença, é um treinador jovem, mas com muito talento, com muita força, muito saber", considera.

Sousa Cintra acredita que o treinador do Sporting vai acabar por ficar. "O dinheiro não é tudo na vida e o Rúben Amorim já foi campeão no Sporting, voltou a ser campeão no Sporting em tempo recorde. Ele só se valoriza mais se continuar no Sporting mais um ano ou mais uns anos. Se no próximo ano voltar a ser campeão, o trabalho que vai acontecer na Taça dos Campeões da Europa já é importantíssimo para ele. Já reparou se ele conseguir os mesmos resultados que ele conseguiu este ano e nos anos anteriores, como é que ele fica valorizado? Fica muito valorizado, então os maiores clubes do mundo querem o Amorim de qualquer maneira", assegura.

Ainda no Fórum TSF, Augusto Inácio, antigo jogador e treinador dos leões, identifica as razões do sucesso. "No ano passado, o Sporting praticamente em novembro ou dezembro já estava fora da luta pelo título. Foi uma época realmente muito fraca. O Sporting aprendeu com esses erros e este ano, com a confiança que a direção deu ao treinador, porque a tendência e a mentalidade dos portugueses é quando alguma coisa corre mal despede-se o treinador. Não foi isso que a direção fez, manteve o treinador - e bem -, acertou em cheio nas contratações que teve de fazer", sublinha.

Também Eurico Gomes, que foi bicampeão pelo Sporting, considera que Rúben Amorim é o mentor e o obreiro destas vitórias. "Quando se tem muitos anos de carreira ao nível de equipas que adormecem e acordam para ganhar, os líderes têm de ser primeiramente bem vincados, com grande personalidade, com a faceta do líder da mão de aço com luva de veludo. Eu acho que o Rúben tem isso: quando tem de usar a mão de aço, usa, a luva de veludo está tudo dito. Os jogadores correm por ele, correm por eles próprios, pelo clube que lhes paga, pela profissão", refere.

No domingo, o Sporting assegurou o seu 20.º título de campeão português de futebol, com os 84 pontos, já inalcançáveis para o antecessor Benfica, que ficou a oito, após perder por 2-0 no terreno do Famalicão, em jogo da 32.ª jornada.