Pela primeira vez na história dos Jogos Olímpicos, todas as delegações olímpicas irão ter representantes femininas. A Arábia Saudita estreia-se no envio de duas atletas olímpicas que se juntam às quatro do Qatar e a uma do Brunei.
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As negociações entre o Comité Olímpico Internacional e a Arábia Saudita ainda demoraram mas tiveram fumo branco. Contra todas as suposições, o reino saudita enviou para Londres duas atletas femininas, as primeiras a romper as tradições do país.
Wodjan-Ali-Seraj-Abdulrahim vai representar a delegação da Arábia Saudita em judo, na categoria de mais de 78 quilos. Sarah Attar representa a monarquia saudita em atletismo, nos 800 metros.
A participação feminina no desporto tem sido um assunto muito controverso na Arábia Saudita, com os religiosos a afirmarem que vai contra a natureza da mulher praticar qualquer tipo de desporto.
As mulheres sauditas são consideradas como inferiores e por isso têm de ter permissão dos guardiões (pai, irmão ou marido) para se ausentarem do país e, nalguns casos, para trabalharem.
As transmissões dos acontecimentos desportivos femininos são proibidos na televisão pública saudita mesmo que possam ser vistos através dos canais via satélite, muito comuns na Arábia Saudita.
Durante um treino no complexo desportivo de San Diego, na Califórnia, Sarah Attar referiu que «é uma honra ser uma das primeiras mulheres atletas da Arábia Saudita a competir nuns Jogos Olímpicos» e que isso se tem «manifestado na preparação física para as competições» a partir de dia 27 de julho.
Em declarações ao site oficial do Comité Olímpico Internacional, a adolescente de 17 anos, especialista nos 800 metros, declarou ainda que espera que a sua participação faça com que «as mulheres possam estar cada vez mais representadas no desporto em geral».
Qatar envia quatro mulheres a Londres 2012
Com a decisão da Arábia Saudita, todos os países ficam representados nos Jogos Olímpicos já que, também o Qatar e o Brunei decidiram o mesmo para estas olimpíadas.
Nos Jogos de Atlanta, em 1996, foram 26 as nações que apenas enviaram atletas masculinos, número que diminuiu para 3, em Pequim 2008.
Este ano, Nada Arkaji representa o Qatar na natação, Noor al-Malki em atletismo, Aya Magdy no ténis de mesa e Bahiya al-Hamad no tiro ao alvo.
Al-Hamad, de 19 anos, é ainda a porta-estandarte do país, na cerimónia oficial de abertura dos Jogos Olímpicos.
«Estou ainda a tremer de alegria por ser eu a levar a bandeira do meu país durante a cerimónia de abertura», disse al-Hamad, que vai competir na categoria de pistola de ar 10 metros.
Brunei segue o exemplo
O pequeno sultanato do Brunei também quebra a barreira do género nesta competição olímpica de Londres 2012, ao enviar a velocista Maziah Mahusin para para competir na modalidade de atletismo.
Mahusin representou o Estado do Barein em 2010, nos Olímpicos Juvenís, e diz estar perante um «enorme orgulho e honra» por poder representar o país em Londres 2012.