A vítima foi Miguel Reina, o pai do atual guarda-redes do Nápoles. A TSF celebra os 44 anos do golaço de Johan porque o quatro era especial para o holandês.
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Beckenbauer era Kaiser, Johan vestia a farda de génio. Foi das rivalidades mais especiais da história do futebol. Foi o alemão quem deu uma ideia de jogo ao holandês, um obcecado pelo ataque e pela estética. Um soldado embriagado do "joga bonito". Neste 22 de dezembro celebram-se 44 anos do golaço de Johan ao Atlético Madrid. O guarda-redes dos colchoneros era o pai de Reina, o homem que defende a baliza do Nápoles. Porque não esperar pela data redonda para festejar o tal "golo impossível"? Porque o "4" é especial para Cruijff e, na verdade, porque é sempre uma boa desculpa para gastar este teclado e escrever sobre quem nos deixou em março de 2016...
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Peguemos nas palavras de Albert Morén na revista "Tactical Room". Beckenbauer era "um líbero adiantado, um defesa do ataque. Duas das definições que na sua altura Johan Cruijff empregou de forma exata para batizar a figura que, situada à frente da defesa quando a sua equipa tinha a bola, fecharia atrás quando era necessário. Como apelido [da posição] dar-lhe-ia o mesmo número da camisola que usou Kaiser Franz nos seus primeiros tempos na seleção alemã: o quatro".
Basta puxar pela cabeça para lembrar que miúdo, promovido à equipa principal ainda muito jovem, tornou especial o número 4 na Catalunha... Pep Guardiola, pois claro. Na final da Taça dos Campeões Europeus em 1992 (1-0 vs. Sampdoria) até usou o 10, mas seria imortalizado como o "4", o tal papel que também fazia em campo: pensar o jogo e fechar o caminho para a sua baliza. O atual treinador do Manchester City nunca escondeu: Cruijff é a sua bússola. Hoje em dia o "4" do Barça é usado por Rakitic e antes usou-o Cesc Fàbregas. Busquets nunca vestiu o número, mas é o tal "quatro" de Cruijff, promovido da equipa B por Pep Guardiola, agora enquanto treinador.
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Mas vamos lá ao que nos trouxe aqui: o golaço "impossível", como a imprensa lhe chamou, de Johan. Jogava-se a primeira volta da La Liga de 1973/74, em Camp Nou. O pai de Reina, Miguel Reina, tinha abandonado os blaugrana no verão e mudou-se para o Atlético, regressando assim a Barcelona. Numa entrevista ao As, em 2009, o guarda-redes disse que o holandês nunca quis rematar, mas sim impedir que a bola saísse. "Charly [Rexach] centrou de longe e a bola ia para fora; apareceu Cruijff, sacou-a e marcou. Sempre pensei que a sua intenção era impedir que a bola se perdesse pela linha de fundo, procurando prolongar a jogada e saiu-lhe um golaço." Indiferente a esta cantiga, fábula ou, quem sabe, realidade, ficou Johan: saltou e espremeu mais uma vez a genialidade que vivia na sua bota direita.
Nas costas da camisola morava o número 9. Mas o seu melhor amigo era o "14" (e foi por acaso), com o qual jogou o Campeonato do Mundo de 1974, mas que também usou na Holanda e Estados Unidos -- o Ajax retirou o número 14 em 2007. Outra vez, o número quatro ao barulho...