O legado "indiscutível" do "presidente inesquecível": velório de Pinto da Costa junta milhares de pessoas
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Treinadores, jogadores, familiares, personalidades políticas e centenas de adeptos do FC Porto marcaram este domingo presença no velório de Jorge Nuno Pinto da Costa, que morreu aos 87 anos. De fora das cerimónias fúnebres, por respeito a um desejo, fica André Villas-Boas. Do legado “indiscutível” ao ADN próprio que deixou no futebol português, o antigo dirigente dos azuis e brancos poderá ter um voto de pesar no Parlamento.
"Incutiu no espírito de todos nós o morrer pelo resultado. Independentemente de sermos campeões ou não, o suorzinho tinha de ficar lá dentro. É o ADN Pinto da Costa", contou o técnico Augusto Inácio, em declarações aos jornalistas, à chegada do velório.
Luís Castro, treinador que esteve ligado ao FC Porto durante uma década, também marcou presença na Igreja das Antas, destacando a liderança e a dedicação do ex-presidente ao clube.
Ao longo da sua vida dedicada ao FC Porto, mostrou uma visão apaixonada do que devia ser o clube e conseguiu elevá-lo a um patamar de grande prestígio nacional e mundial. Isso faz dele um presidente inesquecível na história do FC Porto.
Para Luís Castro, Pinto da Costa "sempre demonstrou uma ambição enorme, uma determinação inabalável e uma alegria contagiante em cada dia do seu mandato. Tinha uma atenção especial para com todos os colaboradores, estava atento aos pormenores e conseguia tirar o melhor de cada um de nós pela sua liderança e paixão pelo FC Porto".
Em nome da Assembleia da República (AR), José Pedro Aguiar-Branco admitiu que poderá haver um voto de pesar no Parlamento. O presidente da AR disse que, "quer se goste ou não, é indiscutível" o legado desportivo deixado por Pinto da Costa.
O antigo jogador e técnico dos azuis e brancos Sérgio Conceição entrou prontamente pela porta principal da Igreja das Antas, perante um coro de aplausos dos adeptos portistas. Apesar de não prestar declarações aos jornalistas, o atual treinador do AC Milan mostrou-se visivelmente emocionado na chegada ao velório.
Após uma "vitória especial" no Algarve, também o plantel do FC Porto viajou até à Igreja das Antas. De fora das cerimónias fúnebres, ficou o presidente dos dragões.
Um dos desejos de Pinto da Costa era que André Villas-Boas não marcasse presença no seu funeral e, por isso, o dirigente dos azuis e brancos nem irá "tentar ir contra a sua palavra, que foi direta e clara", disse.
Pretendo respeitá-la. E assim será se o cortejo se deslocar ao Estádio do Dragão. Se a família pedir, repensarei, mas assim foi dito em vida e é muito importante.
O funeral de Pinto da Costa acontece na segunda-feira de manhã. No mesmo dia, o FC Porto está ainda disponível para prestar uma última homenagem no interior do Estádio do Dragão.
Dragão transformado em memorial
Desde sábado à noite que centenas de adeptos se deslocaram às imediações do estádio dos azuis e brancos para prestar tributo ao ex-presidente do FC Porto.
Os portistas deixaram flores e velas, mas também camisolas e cachecóis, num clima visivelmente emocionado. Imediatamente ao lado, uma tarja de enormes dimensões, que já na noite de sábado havia sido exibida, foi agora vergada na varanda do estádio e mostra Pinto da Costa com uma coroa.
Além de deixar a mensagem "o presidente dos presidentes" num dos ecrãs gigantes, o clube encarregou-se também de alterar muitas das portas de acesso ao estádio, com cada um dos seus respetivos números a servir de referência para inscrever uma façanha dos 42 anos de presidência.
O ex-presidente do FC Porto, clube no qual se estabeleceu como dirigente mais titulado e antigo do futebol mundial, entre 1982 e 2024, morreu no sábado, aos 87 anos, vítima de cancro.
Pinto da Costa tinha sido diagnosticado com um cancro na próstata em setembro de 2021 e agravou o seu estado de saúde nas últimas semanas, menos de um ano depois da derrota para a presidência do clube, frente a André Villas-Boas.
Empossado pela primeira vez em 23 de abril de 1982, seis dias depois de ter sido eleito, sem oposição, como sucessor de Américo de Sá, o ex-dirigente exerceu funções durante 42 anos e 15 mandatos consecutivos, levando o FC Porto à conquista de 2.591 títulos em 21 modalidades - 69 dos quais no futebol sénior masculino, incluindo sete internacionais.