Washington Alves, pai de Bruno Alves, é o novo convidado do "Entrelinhas", programa conduzido por João Ricardo Pateiro, que vai para o ar às quartas-feiras depois das 20 horas.
Corpo do artigo
Diz que o Maracanã era a sua cozinha, jogou perante 190 mil pessoas, tentou travar Pelé, que nem à pancada ficava sossegado, foi contratado por clubes para "dar porrada" e ainda trabalhou como técnico de segurança em duas obras. "Mas não era de dar porrada, era proteção do trabalhador", esclarece. O protagonista desta trama e o novo convidado do "Entrelinhas" é Washington Alves.
O ex-central do Flamengo -- e pai de Bruno Alves, Geraldo e Júlio Alves --, de 70 anos, chegou a Portugal aos 27. Defendeu os caminhos para as balizas de Sporting de Espinho, Varzim e Rio Ave. Nesta conversa com o jornalista João Ricardo Pateiro, o antigo jogador revela que espera ver Bruno Alves no próximo Campeonato de Mundo: "Prepara-se todos os dias e todas as horas para ir".
TSF\audio\2018\03\noticias\28\28_mar_washington_alves_1_jogos_no_maracana
TSF\audio\2018\03\noticias\28\28_mar_washington_alves_2_defrontou_pele
"O Maracanã era a minha cozinha", começa a contar. "Jogava numa equipa que a maioria dos jogos que fazia era no Maracanã, o Flamengo. Muito poucas vezes joguei no Maracanã com menos de 80 mil pessoas. Cheguei a jogar com 180, 190 mil pessoas."
E como era aquela coisa de defrontar Pelé, de o olhar nos olhos? "Com Pelé, nós sabíamos, se ele tocasse na bola, ele complicava", lembra este homem que fazia vida de parar os talentosos. "Havia uma preocupação grande para a bola não chegar a ele, a estratégia era mesmo essa. Não deixá-lo jogar. O problema é que ele jogava muito, com um potencial incrível, e também muito massa (força). Era um jogador que jogava muito com o braço, você não conseguia aproximar dele. E quando conseguia, ele batia forte. Não conseguíamos derrubá-lo, era muito difícil. Ele já era preparado para levar pancada."
TSF\audio\2018\03\noticias\28\28_mar_washington_alves_3_contratado_para_destruir
TSF\audio\2018\03\noticias\28\28_mar_washington_alves_4_monte_de_s_felix
Se uns levam o mel e o ouro nas botas, pelas quais a bola se sente sempre seduzida, outros têm a missão de quebrar essa ligação emocional. "Quando me chegavam para [oferecer] contrato, diziam-me:
-- Washington, estamos a contratar-te pelo que fazes
-- O que é que eu faço?
-- Você dá porrada e não deixa [entrar] golo. Quando passar a bola, o homem tem de ficar. Quando passar o homem, a bola fica. Se passar homem e a bola, você está no desemprego..."
A vida de defesa é fácil, hein?
TSF\audio\2018\03\noticias\28\28_mar_washington_alves_6_bruno_alves_no_mundial
Mas a história de Washington não teve sempre uma bola para conquistar. "Trabalhei nas obras, fiz as duas últimas maiores obras de Portugal: Expo 98 e beneficiação do Aeroporto Sá Carneiro", saca da cartola, qual camisola 10 a surpreender a cada gesto. "Era técnico de segurança. Mas não era de dar porrada, era para proteção do trabalhador. Porrada só no campo... Foi isso que me ensinou a proteger o colaborador. Eu elaborava os planos de segurança. Por isso, sou um defesa central que defendeu muito e também na obra."