A TSF foi conhecer o clube em que o atual treinador do Benfica passou mais tempo na carreira. Schmidt jogou sete épocas no Verl, na altura, nas regionais da Alemanha
Corpo do artigo
Estamos nas imediações do pequeno estádio do Verl. É uma zona rural, com poucas casas e uma paisagem verdejante. Pela estrada fora até ao estádio, as vacas e as ovelhas distraem os olhares dos condutores, mas as várias placas de alusão ao campo do clube da terra não nos deixam perder a orientação. Estamos perto do local onde está a estagiar a seleção nacional, a cerca de vinte quilómetros de distância, e o clube que vamos conhecer tem uma relação especial com o atual treinador do Benfica.
"O melhor que passou por aqui", é a primeira frase que se ouve quando a TSF pergunta à primeira pessoa que encontra já dentro do centro de treinos do Verl. Estamos em junho e a equipa principal está de férias, mas está a decorrer o treino de uma equipa das camadas jovens. Ocorre num relvado paralelo ao do estádio do Verl, que tem um relvado novo, que até pode ser aquecido. Bem diferente, dizem, do relvado que o Verl utilizava há uns anos, quando Roger Schmidt jogava no clube. As bancadas também são remodeladas e já são poucos os locais que permanecem da década de noventa.
Um dos funcionários do clube, Michael, convida a TSF a entrar no estádio. As portas estavam fechadas para impedir que alguém não contivesse a vontade de subir ao apetecível relvado "verde a brilhar" do estádio e que "precisa de ser conservado", diz um responsável do clube. Michael leva-nos junto às bancadas e convida-nos a ir até uma zona só com fotografias. Por lá, estão expostas umas dezenas das diversas equipas de futebol do SC Verl e, claro, salta à vista de qualquer olhar português Roger Schmidt e os seus cabelos longos da altura. Na época, com vinte e poucos anos, o atual treinador do Benfica era uma das figuras do clube, que alinhava nas regionais da Alemanha, por isso, aparece em várias imagens.
Roger Schmidt tem direito, inclusive, a marcar presença no "hall of fame" deste clube da região de Gütersloh. O atual técnico merece um poster em destaque no elenco dos melhores jogadores da história do Verl, num momento em que festeja um dos vários golos que apontou como médio ao serviço daquele emblema germânico. É um poster em que Roger Schmidt aparece de braço estendido para cima, como num festejo à antiga, com uma t-shirt branca e calções pretos, um sorriso de felicidade e com a indicação das sete épocas (de 1995 a 2002) que representou o clube.
No estádio e puxando pela memória, Michael, funcionário do SC Verl, lembra que quando tinha dez anos estava como adepto na bancada durante um treino e foi entrevistado, bem perto de Roger Schmidt que, na altura, dava a primeira entrevista como jogador. "Foi num jornal local de Gütersloh. O jornalista na altura entrevistou-me a mim e ao Roger e, depois, saiu a reportagem no jornal." Depois estiveram à conversa um com o outro, num momento de confraternização. Michael recorda-se de uma pessoa "muito simpática".
Schmidt, que mais tarde viria a ser treinador do Bayer Leverkusen, também na Alemanha, não esqueceu as suas origens: "Quando o Schmidt era treinador no Bayer Leverkusen tinha uma fotografia no escritório dele do Verl. Um dia veio aqui visitar-nos, viu-me e estivemos a falar um pouco", conta Michael à TSF.
Hoje em dia, o Verl é um clube diferente. Está na terceira liga alemã, o estádio é renovado, tem mais lugares e o relvado pode ser aquecido. Na altura de Roger Schmidt, jogava nas regionais da Alemanha e, talvez, nunca imaginasse que o jogador, que por lá era a grande referência, viesse a fazer um trajeto ainda mais reconhecido como treinador.