O regresso de António Silva, Di María e o papel de Neres ou Trubin no clássico
O antigo treinador adjunto de Roger Schmidt acredita que o treinador alemão aposta na estabilidade da equipa e das ideias que tem para o jogo do Benfica. Rui Mota acredita que o regresso de Di María vai levar David Neres de volta para o banco de suplentes.
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Roger Schmidt aposta em consolidar rotinas, acrescentar à equipa valores seguros, mudar apenas pormenores do jogo do Benfica. Foi assim na preparação do plantel, será assim no clássico. O treinador português Rui Mota trabalhou com Roger Schmidt na China, na passagem do técnico alemão pelo Beijing Guoan.
"É sempre um jogo especial, em que os treinadores gostam de ter os melhores jogadores disponíveis", explica o antigo treinador adjunto de Roger Schmidt. "Parece-me que, se tiver de facto António Silva e Di María disponíveis, Roger Schmidt irá apostar neles para o 11 titular. São os jogadores mais utilizados mas também os jogadores que apresentam melhor rendimento".
Do lado do Benfica, joga quem tem tido rendimento, explica Rui Mota, mas há uma preocupação de Roger Schmidt em equilibrar a equipa, sabendo que tipo de adversário vai encontrar em campo no primeiro clássico da temporada para a liga.
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"Se Di María e David Neres são desequilibradores natos, eu não digo que não possam jogar os dois, mas, se pensarmos que no meio vai jogar Rafa, sobretudo em jogos mais equilibrados e competitivos, a equipa pode ficar mais desequilibrada no momento defensivo", aponta Rui Mota.
Por isso, a terceira unidade de apoio ao avançado centro deve ter um papel contrapeso. "Com João Mário ou com Aursnes, a equipa pode encontrar uma forma mais equilibrada. Agora, em situações em que seja preciso apostar mais no ataque ou, durante a partida, na segunda parte, esse cenário [Di María e Neres em simultâneo] pode acontecer em vários jogos".
Temporada preparada a pensar na estabilidade, com Di María e Guedes como bandeiras
Na preparação da temporada, Rui Mota aponta a procura de estabilidade como prioridade para Roger Schmidt. É essa a explicação para as escolhas de novas unidades para o plantel, como os casos de Angel Di María ou mesmo do regresso de Gonçalo Guedes (renovação da empréstimo depois de ter chegado em janeiro).
"Por parte do Benfica há bastante continuidade, com jogadores como Di María e Gonçalo Guedes que conhecem bem a casa, que estão adaptados à cidade e ao clube". Fatores sociais e de adaptação ao plantel que importam quando se fala de jogadores que são "reforços" com um peso evidente no plantel. Di María com impacto já no arranque de época, Gonçalo Guedes como possível alternativa à posição de Musa, como concorrente para Arthur Cabral ou Tengstedt, mas também como solução para uma posição de apoio ao ataque.
Trubin como a peça que faltava
Mas há uma mudança na baliza do Benfica. Rui Mota aponta a preocupação de Roger Schmidt com a primeira fase de construção, o momento em que a equipa, a partir do guarda-redes, procura criar vantagem sobre o adversário com a bola.
"O futebol hoje em dia não é apenas para dez jogadores. O guarda-redes tem cada vez mais um papel determinante nas ações ofensivas, sobretudo na primeira fase de construção. Será essa a tentativa de acréscimo de Roger Schmidt ao jogo da equipa", considera o técnico português.
Mas o que muda entre Trubin e Vlachodimos? "Parece-me que aqui a grande diferença poderá estar no jogo de pés. Se Odisseas [Vlachodimos] dava grandes garantias na baliza, acredito que o Benfica procura no novo guarda-redes de ter essas mesmas garantias na baliza, mas, adicionar aqui também, essa questão do jogo de pés, é essa a ideia de Roger Schmidt".
Mais uma vez, no ecossistema do balneário, importa perceber o que vai acontecer com o jogador na adaptação a um novo contexto "Vamos a ver como corre. Falamos de um guarda-redes que vem jogar para um clube diferente, um país diferente. Veremos como se vai adaptar também às ideias do treinador", aponta Rui Mota.
A estratégia no clássico
Os primeiros minutos devem revelar ao que vão Roger Schmidt e Sérgio Conceição no primeiro clássico da temporada na liga. "Vamos perceber de que forma as equipas se vão apresentar, a estratégia, algo que vai ser possível ver logo nos primeiros dez ou quinze minutos", aponta Rui Mota.
"Importa perceber como se vão apresentar os reforços das equipas neste primeiro clássico para eles (...) No Futebol Clube do Porto há alterações mais profundas. Por exemplo alguns jogadores que acabaram de chegar, como Alan Varela, que me parece que pode ser um bom reforço, mas que precisa de tempo. Possivelmente haverá aqui alguma oscilação de rendimento".
O momento de forma que se retira dos últimos jogos de Benfica e Porto, com outros adversários, pouco peso vai ter no jogo do estádio da Luz. "Já vimos no ano passado que, mesmo que uma equipa esteja com um rendimento superior ao da outra, muitos jogadores acabam por se superar neste tipo de jogos. Vai ser um jogo competitivo, muito tático, com duas equipas que numa fase inicial da temporada não querem perder terreno se perceberem que não podem conquistar os três pontos".
Benfica e Futebol Clube do Porto jogam esta sexta-feira no estádio da Luz às 20h15, um jogo com relato na TSF numa emissão especial que começa depois das seis da tarde.