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A cidade de Saint-Étienne, capital do departamento da Loire, situada na região Auvergne-Rhône-Alpes, é a casa do clube que mais vezes conquistou o Championnat. A Association Sportive de Saint- Étienne Loire, com os seus 10 títulos, ainda é a mais titulada em França. Este passado glorioso é contudo distante, tendo sido construído entre as décadas de 50 e 80, datando o último triunfo de 1981, já há 39 anos. Juntamente com o Olympique Lyonnais, o Saint-Étienne protagoniza o sempre escaldante Derby Rhône-Alpes, um dos mais escaldantes da Ligue 1.
Mesmo no período em que obtiveram grande sucesso, Les Verts tiveram os seus baixos. Em 1961/1962, desceram à segunda divisão, no entanto o insucesso não se abateu sobre o clube. Logo na temporada seguinte de 1962/1963 subiram de divisão, para em 1963/1964 se sagrarem campeões nacionais franceses. Absolutamente notável! O dia 12 de Maio de 1976 também fica indelevelmente marcado na história deste clube. No Hampden Park de Glasgow, o Saint-Étienne defrontou o Bayern de Munique na final da Taça dos Clubes Campeões Europeus, contudo os alemães venceram por 1-0 e confirmaram o estatuto de melhor equipa do continente, ao sagrarem-se tri-campeões da Europa. Em 1981, capitaneados e liderados por Michel Platini, Les Verts conquistaram o décimo e último título francês.
A queda seria, então, abrupta e dolorosa. Em 1982, o presidente Roger Rocher seria detido na sequência de um escândalo financeiro, devido a um "saco azul" existente no clube. Em espiral negativa, o Saint-Étienne viria a descer de divisão em 1983/1984 e jamais recuperaria, até aos dias de hoje, a glória do passado. Nos 20 anos que se seguiram, o Saint-Éttiene somou mais 2 descidas de divisão. Desde 2004 que o clube da Loire se encontra entre os maiores do futebol francês. A época passada foi excelente para o clube, que lutou até ao final pela qualificação para a Champions, no entanto o grande rival de Lyon foi mais forte, e "Os Verdes" ficaram em quarto lugar.
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O OM, com os seus 9 títulos, segue na peugada do Saint-Étienne. Sediada no sul de França, a cidade de Marselha, capital da região de Provence-Alps-Côte d'Azur, vive e respira o seu Olympique, cujo Stade Vélodrome é um autêntico vulcão. O sucesso do Olympique de Marseille é bastante disperso pelo tempo. A primeira conquista deu-se em 1936/1937 e a última em 2009/2010. Entre os 73 anos que distaram estas 2 conquistas, foram vencidos mais 7 campeonatos e...
... E uma nódoa negra! Era um grande Marselha este do final da década de 80 e início da década de 90, que venceu mesmo 4 campeonatos consecutivos. Em 1991, o OM chegou à final da Liga dos Campeões, porém foi derrotado pelo Estrela Vermelha de Belgrado, no desempate por penalties. Em 1992/1993 nova presença na final, desta vez contra o AC Milan. O icónico e histórico presidente Bernard Tapie não queria perder mais uma final e, por isso, não olhou a meios para atingir os fins. Ainda na luta pelo título francês e, na ânsia de vencer ambas as competições, Tapie subornou jogadores do Valenciennes para facilitarem no jogo do campeonato. Este clube do norte de França denunciou o comportamento dos marselheses e a justiça foi implacável. Retirada do título francês de 1992/1993, descida de divisão e impossibilidade de disputar a Supertaça Europeia, a Taça Intercontinental e a Liga dos Campeões de 1993/1994. A conquista europeia fruto da vitória por 1-0 frente ao Milan manteve-se, sendo até hoje o único clube francês com a Champions no seu museu.
Depois de 2 épocas na segunda divisão, o OM regressou mas o poderio outrora ostentado era apenas uma miragem. Desde então, os marselheses coleccionaram mais desilusões do que motivos para sorrir. 3 finais da Taça Uefa/ Europa League perdidas e outras tantas finais da Taça de França também perdidas. Mas em 2009/2010 a grande alegria. Com Didier Deschamps no banco de suplentes, ele que como jogador do clube foi campeão francês e europeu, o OM sagrou-se campeão francês, feito que não voltaria a repetir até aos dias de hoje.
Amanhã é dia de jogo grande. O Marselha, que esta época é orientado por André Villas-Boas, desloca-se ao Stade Geoffroy-Guichard, em Saint- Étienne, a contar para a jornada 23 do campeonato. E é uma época de sensações distintas para estas equipas. Se o Saint-Étienne não está a conseguir dar seguimento ao bom quarto lugar da última temporada, já o Marselha está a dar boa conta de si. Les Verts ocupam o décimo quinto lugar, 9 pontos acima da linha de água, ao passo que o Marselha é vice-líder, a 12 pontos do PSG do petróleo, e 3 pontos acima do terceiro classificado.
Miguel Batista (A Economia do Golo)
Esta rubrica é uma parceria TSF e A Economia do Golo
* Nota do Editor: O autor opta por escrever ao abrigo do anterior acordo ortográfico.