Os pequenos estão cada vez maiores. Os números económicos do Mundial de futebol
Ao contrário do que acontece com a convergência económica, nas seleções de futebol os países estão muito mais próximos.
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O estudo foi feito meses antes do Campeonato do Mundo de Futebol de 2018 começar, mas ganha especial interesse depois de tantas seleções favoritas terem ficado tão cedo pelo caminho.
Holanda, Chile e Itália nem chegaram ao mundial jogado na Rússia, eliminadas por equipas teoricamente mais fracas. A Alemanha não passou da fase de grupos e os também favoritos Espanha, Argentina e Brasil acabaram afastados antes das meias-finais.
Na final, vai estar a inédita Croácia, acompanhada da França, que apenas tem um título mundial no currículo. Será que os habituais campeões estão mais fracos?
A resposta não é clara, mas um estudo realizado por economistas da Universidade de Hamburgo e da Universidade de Michigan, publicado no início do ano, tentou perceber se aquilo de que se fala há décadas e que dificilmente acontece nas economias, a convergência da riqueza produzida pelos vários países, estaria a acontecer no futebol de seleções.
Os economistas Melanie Krause e Stefan Szymanski analisaram 25 mil jogos entre 1950 e 2014, data do último mundial, e encontraram algo nunca visto na economia: "Uma convergência claramente evidente e incondicional" promovida pela transferência entre países de "tecnologias, capacidades e das melhores práticas".
Foram contabilizadas as vitórias, derrotas e diferenças de golos nos 25 mil jogos analisados. Os autores comparam o futebol a qualquer outra indústria por ser uma atividade global que grande parte dos países quer melhorar e que é vivida com enorme interesse.
Apesar de ainda existirem diferenças significativas, evidentes, a performance futebolística dos países aproximou-se bem mais que os rendimentos per capita, onde as desigualdades entre países são ainda mais enormes.
As seleções africanas e asiáticas continuam, em média, longe das europeias e sul-americanas, sobretudo as mais fracas que têm grandes dificuldades em melhorar.
No entanto, os países mais fracos da Europa e América do Sul melhoraram muito nas últimas décadas, tal como as seleções médias destes continentes.
"Os maiores beneficiários da convergência mundial no futebol de seleções foram os países europeus e sul-americanos de segunda linha", conclui o estudo, em grande parte pelo impacto de jogarem regularmente com equipas mais fortes das suas confederações.
Numa entrevista dada recentemente , um dos autores do estudo, Stefan Szymanski, professor de gestão desportiva, sublinha, com humor, que é mais fácil levar um país a melhorar a sua performance futebolística do que económica, nem que seja porque as pessoas vibram mais com a bola do que com o estado da economia nacional.