Cavani marcou aos sete minutos e Pepe empatou, aos 55'. Mas Cavani voltou a marcar aos 62' e acabou com o sonho de Portugal. Os campeões europeus estão fora do Mundial.
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Portugal empatou um jogo a três, o Cristiano Ronaldo falhou um golo, o Quaresma marcou um golo no dia 25 de junho. E fomos campeões. Quem não viu isto escrito em algum lado entre segunda-feira, o tal dia 25 (deste ano), e sábado? Quase todos, aposto.
Aquela sucessão de acontecimentos seria o indicador que ia correr tudo bem contra o Uruguai. Só que as coincidências existem, mas também acabam. E as que ditariam que Portugal ia passar aos quartos de final do Mundial da Rússia ficaram mesmo por ali, naqueles três pontos.
Numa conversa sobre o que faríamos se Portugal passasse e jogasse contra a França, no dia 06 de julho, os diretores da TSF receberam bem uma sugestão que passava por estarmos em Paris nesse dia, numa Emissão Especial. Seria o regressar a um sítio onde Portugal tinha sido muito feliz, contra a seleção da França, onde a comunidade portuguesa é gigante... Tudo batia certo. E mais, eu tinha estado em Paris para a final do Euro 2016, e Portugal foi campeão. Ora aí estava mais uma coincidência positiva, que nos faria, a todos os portugueses, sonhar com um pé nas meias-finais do Mundial da Rússia.
Foram dias incríveis aqueles já perto do meio de julho, em 2016, em Paris. Conheci muitos portugueses, muito orgulhosos do que os jogadores foram fazendo ao longo daquele campeonato, histórias de superação, de luta, num país longe daquele onde nasceram. Conheci porteiras e porteiros, padeiros, empresários, políticos... Andavam todos de sorriso rasgado, mas muitos também tinham um genuíno receio do que pudesse acontecer no Stade de France no dia 10 de julho. Temiam que os dias que se seguissem fossem insuportáveis ao lado dos franceses campeões frente a Portugal. Diziam baixinho, como se falassem alto pudesse espantar as hipóteses, que lá no fundo, no fundo, acreditavam. Mas se perdêssemos... Ia ser um cabo dos trabalhos nos meses a seguir.
Não foi.
Vi o jogo em que Éder se tornou o herói de todos nós na "fanzone" da Torre Eifel. Os números medidos pelos meus olhos davam algo como 99 mil franceses e mil portugueses. Uma estimativa, naturalmente, tendo por base o número oficial de 100 mil pessoas. Era muita gente. A quase totalidade dos 99 mil aplaudiram efusivamente a lesão de Cristiano Ronaldo. Os mil sofreram, em silêncio.
Quando o árbitro apitou para que o prolongamento ficasse por ali vi lágrimas a escorrerem cara abaixo de portugueses que nasceram em França. Vi gente de todas as idades abraçar-se e chorar e rir de alegria. Gritarem "Portugal, Portugal, Portugal", a plenos pulmões. Subi os Campos Elísios em cima de uma carrinha de caixa aberta que espalhava pelas ruas de Paris um som muito alto de músicas de Quim Barreiros. Vi milhares de bandeiras portuguesas na principal avenida de França.
Guardei aquelas imagens na cabeça. E elas voltaram a passar no cinema que é a minha cabeça ao ouvir as palavras do Presidente da República, depois da derrota de Portugal frente ao Uruguai em Sochi. "Fico-lhes eternamente grato pelos sonhos que permitiram alimentar e pelas alegrias que proporcionaram".
Portugal não fez exibições de encher o olho. Mas passou a fase de grupos. Chegou a dia 30 de junho, o que só conseguiram metade das equipas que chegaram ao Rússia 2018. Aquela equipa fez-nos acreditar que era possível voltar a jogar contra a França. Não foi. "É a vida", como também disse Marcelo Rebelo de Sousa.