Sporting perde em Madrid (0-2) e complica passagem às meias-finais. Koke, aos 23 segundos, e Griezmann fizeram os golos do Atlético. Bas Dost e Coentrão falham segunda mão, dia 12 de abril.
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You used to call me on my cell phone
Late night when you need my love
Call me on my cell phone
Late night when you need my love
I know when that hotline bling
That can only mean one thing
I know when that hotline bling
That can only mean one thing
A música de Drake. Ou o que passa pela cabeça de quem gosta de Griezmann quando o francês, que ainda deve ter pesadelos com aquela super defesa de Rui Patrício na final do Europeu, festeja um golo. Griezmann, provavelmente o melhor em campo, é o jogador especial deste Atlético Madrid. Foge dos centrais, toca bem, defende que se farta, é "chato" e parece estar em todo o lado. E aquele toque de bola? Oh, la,la. O Sporting perdeu esta noite por 2-0 na primeira mão dos quartos de final em Madrid, numa filme mais ou menos hitchcockiano, com um golo logo aos 23 segundos.
Mas havia duas ou três coisas que se sabiam antes de começar. O Atlético de Simeone é das equipas mais fortes em eliminatórias na Europa. Os de Madrid têm jogadores com mais qualidade, embora nem sempre isso signifique conforto e qualidade com a bola nos pés. O que se sabia também e serve muito bem para marcar as distâncias é que Juanfran, Godín, Gabi e Koke, titulares esta noite, jogaram as duas finais da Liga dos Campeões perdidas pelo Atlético em 2014 e 2016. Ou seja, esta gente tem uma mochila muito grande... Ah!, e outra coisa: jogar dois contra dois (Coates-Mathieu vs. Griezmann-Diego Costa) lá atrás é muito, muito ambicioso contra sábios e potentes tubarões que sentem o cheiro a sangue a quilómetros de distância.
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O que ficámos a saber depois do apito final? Que o Sporting continua vivo, apesar da derrota; Bas Dost e Fábio Coentrão viram amarelo e não jogam a segunda mão -- o lateral, que viveu um mini-clássico de Madrid ali no corredor esquerdo, não resistiu a molhar a sopa com Griezmann; Piccini teve alguns momentos à Cafu e William, que voltava a jogar, saiu lesionado antes do intervalo e volta a ser preocupação para Jorge Jesus.
Este jogo resume-se facilmente. O Atlético só precisou de 23 segundos para festejar o primeiro golo: asneirada de Coates, Diego Costa aproveitou, isolou Koke e o espanhol colocou com a canhota, 1-0. Dois minutos depois, Godín cabeceou e Rui Patrício voou e começou a fazer contas de cabeça, a noite ia ser daquelas complicadas.
O Atlético estava mais ligado, embora com menos bola. A agressividade das equipas de Simeone é quase sempre olímpica, pelo menos mais forte do que a do rival normalmente. E muitas vezes até parece que levam o rival para uma determinada zona, para fazerem uma emboscada, uma armadilha levada a cabo por soldados com uma missão e uma bandeira, El Cholismo. Lá está, tubarões neste lago gigante do Velho Continente. Mas a verdade é que o Sporting teve bons momentos na primeira metade do primeiro tempo, com mais bola no meio campo rival e aqui e ali a chegar perto da baliza de Oblak. Aos 13' Bas Dost, depois de uma jogada ligeiramente maradoniana de Piccini, não foi o senhor AC/DC do costume e falhou o empate de cabeça.
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O jogo não estava espetacular, vivia de momentos de classe e resolução de problemas de William, Bryan e Saúl. Têm aquele toque de bola especial dos médios, que saem de cabines telefónicas em dois segundos. Aos 33' Bruno Fernandes descobriu Gelson, com um passe que abriu a defesa do Atleti. Gelson, com apenas Oblak pela frente, quis equilibrar-se para bater com o pé direito, mas acabou por rematar sem força. O Sporting estava vivo.
Mas o banho gelado veio a seguir, depois de mais um erro de um dos centrais. Desta vez foi Mathieu, que meteu água e permitiu a Griezmann isolar-se. E este rapaz é bom de bola, não é? Dois-zero, outra vez de canhota. Os dois centrais do Sporting tiveram uma noite anormal, para esquecer, de terror mesmo. Falharam demasiadas abordagens à bola, pareciam amedrontados. Ou foi apenas uma noite má. Mas com aqueles dois pela frente é fatal.
O Atlético não foi sufocante como já o vimos ser tantas vezes. Não foi intransponível como a fama cantava. Não. Foi mais competente porque falha menos em zonas perigosas e, tal como o Sporting, não se mete com frescuras na hora de construir desde trás. Não dá, procura a profundidade dada pelos avançados.
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Depois do provável ralhete no intervalo, o Atlético voltou a colocar um avançado na cara de Rui Patrício depois de mais um erro de um central. Diego Costa tentou contornar o guarda-redes português e deu-se mal. O Sporting, sem William e agora com Bryan mais apagado depois de alguns bons momentos na primeira parte, tinha muitas dificuldade em ligar e pensar o jogo. Gelson, já se sabe, esfolava-se para resolver as coisas sozinho. Falta-lhe uma equipa mais criativa e capaz no último terço, para não ter de sacar três e quatro coelhos da cartola a toda a hora...
Já depois da hora, Fredy Montero teve tudo, mas tudo, para reduzir. Oblak defendeu uma batata de Bryan Ruiz e a bola ficou a pingar ali dentro da área; o colombiano apareceu e mandou um charuto para as nuvens. Ninguém queria acreditar. Dois-um é muito diferente de dois-zero, já se sabe. A vida está complicada para os leões, mas ficou provado que é tudo menos impossível marcar golos a este Atlético.
A segunda mão joga-se dia 12 de abril, em Alvalade.