Outra vez Messi ou o triunfo de uma nova geração? France Football anuncia Bola de Ouro
A revista France Football escolhe esta segunda-feira o sucessor de Karim Benzema no prémio Bola de Ouro. Bernardo Silva e Rúben Dias representam Portugal numa lista sem Cristiano Ronaldo. Lionel Messi e Erling Haaland são os favoritos.
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Os treze anos que separam Lionel Messi e Erling Haaland formam um hiato que a revista France Football tentou diminuir em 2022 com a eleição de Karim Benzema como Bola de Ouro. Apenas Luka Modric (2018) se intrometeu entre Lionel Messi e Cristiano Ronaldo - mesmo que na versão FIFA Ballon d'Or com a junção entre os dois prémios -, na discussão entre 2007 e 2021.
Messi e Haaland são os favoritos à eleição deste ano, duas gerações de jogadores diferentes, dois atletas separados pela realidade dos campeonatos onde competem semanalmente. O argentino mudou-se para o futebol da Major League Soccer, para os Estados Unidos. Haaland deu o passo em frente ao mudar-se de Dortmund para Manchester.
Lionel Messi está nomeado pelo que fez no final de 2022, altura em que carregou a Argentina pelo mundial de futebol até à final. O jogo aconteceu a 18 de dezembro de 2022, mas aquele momento no estádio Lusail serviu de consagração máxima para la pulga. Por oposição, o resultado desta final atira Kylian Mbappé para fora da corrida (o final da temporada no PSG foi também uma desilusão).
De lá para cá, Lionel Messi saiu pela porta pequena de Paris e do PSG, embarcou numa aventura do outro lado do Atlântico, numa distância para o futebol europeu que, historicamente, impede os jogadores do futebol masculino de atingir os prémios individuais mais importantes. Os números de Messi no Inter Miami são irrelevantes para esta discussão. Vale a Messi o legado que pode pesar na decisão dos eleitores escolhidos pela France Football.
Domínio do Manchester City no futebol europeu
Os ciclos de poder no futebol do velho continente são cada vez mais curtos. Desde o Barcelona de Guardiola que uma equipa não soma de forma consistente títulos nacionais e internacionais (com a Liga dos Campeões como recompensa máxima), apesar do êxito do Real Madrid na maior prova europeia de clubes em anos recentes. Sabendo disto, Guardiola procurou dar à equipa multicampeã inglesa do Manchester City uma peça diferente.
Guardiola sentiu a necessidade de acrescentar ao seu Manchester City um jogador capaz de virar o jogo do avesso - como fazia Lionel Messi em Barcelona. À procura de um talento geracional, o Manchester City contratou Erling Haaland ao Borussia Dortmund, um goleador norueguês nascido em 2000, avançado possante, rápido, forte nos movimentos dentro da área, mas menos capaz de partilhar espaços mais curtos com nomes como Gundogan, De Bruyne, Bernardo Silva, Mahrez ou Grealish.
Neste movimento de mercado contracultura, Guardiola encontrou a figura individual que procurava. Haaland marcou 52 golos em 53 jogos na primeira temporada pelos citizens, um jogador com um impacto na Premier League que o coloca ao lado de outras grandes figuras internacionais como Eric Cantona, Thierry Henry, Cristiano Ronaldo ou Eden Hazard que agitaram as águas no principal escalão do futebol britânico. Mesmo que, em muitos momentos, Haaland continue a parecer um peixe fora de água no futebol de Guardiola.
Rúben Dias e Bernardo Silva numa lista sem Cristiano Ronaldo
O sucesso na Liga dos Campeões do Manchester City vale a Bernardo Silva e a Rúben Dias um lugar entre os 30 nomeados para o prémio final. Sem Cristiano Ronaldo nos eleitos, Portugal está longe de voltar a ter um concorrente de peso por este prémio. Em 2006, a France Football surpreendeu com a escolha do defesa central Fábio Cannavaro, então campeão do mundo e capitão da seleção italiana.
O sucesso europeu de Rúben Dias não deve ser suficiente para o colocar num espaço onde só Cannavaro e Franz Beckenbauer (1972 e 1976) conseguiram entrar como defesas. Já Bernardo Silva foi utilizado por Pep Guardiola em diversas funções ao longo da temporada, mas não foi do seu pé esquerdo que surgiu o fator diferencial na temporada. Pep Guardiola não prescinde de Bernardo Silva, mas continua a ter figuras como De Bruyne ou Haaland que surgem em destaque nos momentos altos das partidas.
De Bellingham a Mbappé
Ao longo do dia, a revista France Football vai desvendar quais as posições ocupadas na escadaria de 2023 dos melhores futebolistas masculinos do mundo. Do arranque de temporada emerge a figura de Jude Bellingham, com papel decisivo do Real Madrid - agora sem Karim Benzema, Bola de Ouro em 2022. O inglês tem um percurso semelhante ao de Haaland, com uma passagem pelo Borussia Dortmund até parecer demasiado grande para o espaço competitivo interno do futebol alemão. Nascido em 2003, o médio inglês é um sério candidato ao prémio, mas só na edição de 2024.
O futebol brasileiro tem apenas um representante nesta lista. Vinicius Junior tem agora o estatuto de figura no Real Madrid, mas o fracasso europeu e interno no futebol espanhol do Real Madrid em 2023/2024. O futebol espanhol tem também um único representante em Rodri, médio defensivo, patrão do meio campo do Manchester City campeão inglês e europeu.
A lista deste ano visita várias latitudes, do central sul-coreano Kim Min-Jae - campeão pelo Nápoles -, a Bono, guarda-redes "herói" da seleção de Marrocos no mundial de 2022, o georgiano Khvicha Kvaratskhelia e nigeriano Oshimen, campeões pelo Nápoles, mas também Andre Onana, guarda-redes que brilhou no Inter de Milão, teve problemas na seleção durante o mundial, e mudou-se para o Manchester United.
Pesa sobre os franceses nesta lista o peso da derrota na final diante da Argentina. Mbappé não se reencontrou ao serviço do Paris Saint Germain e pode ver Haaland somar a primeira Bola de Ouro num duelo entre os dois. Antoine Griezmann carrega o critério e qualidade ofensiva de um Atlético de Madrid em boa forma no final da temporada 2022/2023 e também no arranque em 2023/2024.
George Weah é até aos dias de hoje o único jogador fora da Europa ou da América do Sul a vencer o prémio Bola de Ouro. Aconteceu em 1995, na atribuição de um prémio que era exclusivamente para jogadores do futebol europeu até à década de 1990 do século XX. Lionel Messi é o recordista deste prémio com sete vitórias, seguido por Cristiano Ronaldo com cinco, Michel Platini, Johan Cruyff e Marco Van Basten com três. Eusébio venceu em 1965.
