Ao longo do Euro 2016 a TSF percorre o país à descoberta dos pequenos clubes, que sobrevivem com orçamento limitado. Futebol de tostões, em dias de futebol de milhões.
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Adrien Silva, atleta do Sporting e da seleção nacional, deu os primeiros pontapés na bola no Paçô, um clube dos Arcos de Valdevez, terra onde os pais se fixaram quando regressaram de França. O pai do jogador, Manuel Silva, é hoje o presidente do clube, que acaba de descer da 1ª divisão distrital de Viana do Castelo, mas que continua a ser uma casa de formação para muitas crianças e jovens daquele pequeno concelho do interior do Alto Minho.
A TSF foi espreitar um treino dos infantis onde Ema, 12 anos, trabalha desde os 7 para ser "jogadora profissional e marcar e golos". Já se enturmou nesta equipa de rapazes mas no início os colegas "estranharam ver uma menina jogador à bola".
Todos sonham seguir uma carreira profissional no futebol e a maioria gostava de jogar no Sporting, clube onde está Adrien Silva que aqui aprendeu a jogar. "Com 12 anos foi para o Sporting e eu queria ser como ele", conta João Pedro Torres. O colega, João Pedro Lima, também tem em Adrien a sua maior referência: "sou um grande amigo dele porque foi o meu avô, que era o seu treinador, que o levou para o Sporting. É um jogador muito humilde e daria um grande contributo à seleção se fosse chamado para jogar".
E haverá no Paçô mais "Adriens" em potência? "Haver há mas para chegar onde chegou o Adrien é preciso ter a estrelinha da sorte, dedicarem-se, abdicarem de coisas que nestas idades é difícil, como saídas à noite. Mas temos muitos miúdos como potencial e alguns atletas que já foram para o Sporting de Braga, para o Boavista, para o Futebol Clube do Porto. Temos aqui muitos diamantes, agora é preciso poli-los", refere Nuno Marques, coordenador das camadas jovens.
Muitos dos atletas que passaram pelas camadas jovens estão hoje na equipa sénior. São todos amadores que aqui encontram oportunidade para continuar a jogar futebol depois dos 18 anos. Na última época, a equipa desceu da 1ª divisão distrital de Viana do Castelo mas, como sublinha José Carlos Amorim, da direção, não é o que mais importa: "Não era o que queríamos mas não vem daí mal nenhum ao Mundo. O Paçô não é a equipa sénior, é mais do que isso. E temos orgulho da imagem que deixamos nos campos deste distrito, nomeadamente do seu comportamento desportivo e da sua qualidade de jogo".
A grande missão do clube é a de formar "atletas, mas sobretudo formar homens" e para melhorar o acompanhamento na formação destas crianças e jovens o Paçô candidatou-se, recentemente, a um programa da Federação Portuguesa de Futebol para ampliar as instalações e construir um novo edifício, oferendo novas respostas nomeadamente nos domínios social e educacional.
O atual presidente da Associação Cultura e Recreativa de Paçô, fundada em 1981, é Manuel Silva, pai de Adrien, que está em França, país onde esteve emigrado, a acompanhar a seleção. "Quando chegamos a Portugal o Adrien começou a jogar no Paçô e ajudou muito à adaptação dele. E por essa razão é evidente que é um clube com um significado muito grande para mim e onde temos feito um trabalho que está à vista", contou à TSF.
A formação continuará a ser a grande aposta do Paçô que tem hoje perto de 200 atletas em diferentes escalões e que quer continuar a formar estrelas para o futebol nacional.