O padel adaptado tem criado espaços em Portugal para que as pessoas com algum tipo de deficiência possam praticar esta modalidade. Exemplo disso foi o primeiro encontro de Padel Adaptado organizado pelo Centro de Recuperação Infantil de Benavente, que aconteceu recentemente em Samora Correia
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O evento contou com a presença de cerca de 70 atletas de dez instituições diferentes do distrito de Santarém, no Lezíria Indoor Padel, em Samora Correia. Mafalda, uma das sócias do local e responsável pelo funcionamento da iniciativa, conta que o material necessário para fazer padel, como as raquetes, foi emprestado por outros jogadores da modalidade que se sensibilizaram com a iniciativa.
"Nós já temos uma comunidade grande de jogadores e dissemos que íamos fazer esta iniciativa e os jogadores disponibilizaram as raquetes que tinham em casa para podermos ter este evento com todos a poderem ter uma raquete na mão", explica, em declarações à TSF.
Com a raquete na mão e pronto para entrar em campo está João Martins, de 60 anos. É portador de multideficiência e veio a convite experimentar o padel. João já tinha praticado outros desportos como o andebol e o boccia, mas desta vez foi diferente. Ganhou o gosto à nova modalidade e contou a sua nova paixão: "Desenvolve o corpo, os músculos e a mente. Nós conseguimos dar a volta ao sangue, o músculo ganha mais corpo e mais eficiente."
Ainda assim, o atleta afirma que a prática do padel nem sempre corre bem, visto que, “ninguém é perfeito em nada”, conta.
"Às vezes corre bem, outra vezes corre mal, porque nós não somos perfeitos em nada e a última coisa que me corre mais ou menos mal é quando a bola bate no vidro. Isso é que é uma pequena dificuldade que eu tenho em ir buscar ao vidro, mas já vou aprendendo mais um bocadinho a pouco e pouco a conseguir", descreve.
O que se cria a pouco e pouco são sonhos, como o de Raul Costa, de 27 anos, com multideficiência, que afirma à TSF que gostava no futuro de ser jogador de padel profissional. Hoje foi experimentar e encontrou na nova ambição algum tempo para relaxar. "É um sentimento bom, tranquilo e nada de stresses", explica. O espaço do Lezíria Indoor Padel tem sete campos à disposição, mas, para Raul, este dado não assusta: "É um sítio normal, não é assim tão grande, mas pronto, nem o vento me assusta."
O encontro de padel adaptado teve a duração de 1h30. Henrique Carlota, psicomotricista da CRIB (Centro de Recuperação Infantil em Benavente) e um dos responsáveis pelo evento, explica que são vários os objetivos desta iniciativa.
“Isto tem um impacto muito forte na vida destes utentes. São dias diferentes, isto tem vários objetivos, a vertente terapêutica que não se nota tanto, mas que trabalhamos as coordenações, a coordenação motora, a coordenação oculomotora, mas depois mais importante que isso temos a vertente social, o convívio entre eles e o convivo entre outras instituições, muito também a questão da inclusão que tanto se fala, eu penso que a inclusão é isto, estes utentes praticarem esta modalidade onde toda a comunidade pratica (...) nós não somos diferentes e depois também a parte da saúde, saírem do local onde estão acomodados, promover a atividade física, promover o desporto, combater o sedentarismo nesta população que é muito importante.”
Para Henrique Carlota, no final das contas, o mais importante, nestes momentos, são “os sorrisos na cara dos utentes, a boa disposição, o entusiasmo e quanto a isso é inquestionável o sucesso”, considera. O êxito pode repetir-se numa outra edição, ainda que sem datas definidas.
De acordo com dados da Federação Portuguesa de Padel, existem 17 pessoas federadas em padel adaptado em Portugal. A modalidade está no país desde 2016, mas ainda não existem equipas a praticá-la.
