Paralímpicos: os Jogos "revolucionários" e "de encontros". Com sete medalhas no bolso, Portugal diz adeus a uma Paris "em festa"
Na cerimónia de encerramento, os medalhados Carolina Duarte e Djibrilo Iafa, ambos bronze, no atletismo e no judo, respetivamente, foram os porta-estandartes de Portugal que sai de Paris com sete medalhas e outros 18 diplomas, no 43.º lugar do medalheiro, liderado pela China. Veja as imagens
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A capital francesa passou no domingo o testemunho dos Jogos Paralímpicos a Los Angeles, num espetáculo anunciado como "Paris é uma festa", que durante mais de duas horas fez jus ao nome, "abusando" da cor e, sobretudo, da música.
Com milhares de atletas no relvado e na pista do Stade de France, a festa, na qual a chuva apareceu sem ser convidada, começou ao som de Santa, uma jovem cantora francesa Santa, e depois de ouvida a Marselhesa, começaram a desfilar pelo centro do relvado as bandeiras dos 167 países e da equipa de refugiados.
Os medalhados Carolina Duarte e Djibrilo Iafa, ambos bronze, no atletismo e no judo, respetivamente, foram os porta-estandartes de Portugal que sai de Paris com sete medalhas e outros 18 diplomas, no 43.º lugar do medalheiro, liderado pela China, que obteve 220 pódios, sete dos quais, todos de ouro, conseguidos pela nadadora Yuyan Jiang, a mais titulada em Paris.
Já com o testemunho passado a Los Angeles que, tal como aconteceu com Paris, receberá a competição paralímpica pela primeira vez, o Stade de France "levantou-se" para ouvir o hino dos Estados Unidos entoado pela atriz e cantora Ali Stroker, que em 2015 fez história como a primeira atriz em cadeira de rodas a aparecer num espetáculo da Broadway.
As imagens dos ecrãs do estádio saltaram depois de Paris para a cidade norte-americana, ao som de California Dreamin, dos The Mamas & the Papas, numa altura em que a chuva já não incomodava a festa.
A chama paralímpica, que durante 12 dias iluminou Paris, chegou depois ao estádio, numa lamparina, onde passou por seis atletas paralímpicos franceses, antes de ser apagada, no suporte onde chegou e no balão de ar quente situado no Jardim de Tuileries.
Durante a cerimónia, foram apresentados os oito novos elementos da comissão de atletas do Comité Paralímpico Internacional (IPC), eleitos durante a competição que começou em 28 de agosto, entre os quais o português Lenine Cunha, medalha de bronze em Londres2012.
O Stade de France assistiu depois a um concerto sem precedentes, a França reuniu 24 dos seus maiores DJ de música eletrónica de várias gerações, de Jean-Michel Jarre a Miss Kittin, passando por Martin Solveig e Ofenbach.
A competição, que reuniu 4500 atletas, de 22 modalidades, volta daqui a quatro anos, em Los Angeles, entre 22 de agosto e 3 de setembro de 2028.
Paris encerra "Jogos de recordes" e da "revolução inclusiva"
O presidente do Comité Paralímpico Internacional (IPC) afirmou no domingo que os Jogos Paris2024 "bateram recordes" e pediu aos atletas que "sejam modelos para um mundo mais inclusivo".
"Estes Jogos bateram recordes, em número de países, na participação feminina, e na cobertura mediática", afirmou Andrew Parsons, no seu discurso na cerimónia de encerramento.
No Stade de France, Parsons afirmou que nos Jogos Paris2024, "livres de barreiras, os atletas paralímpicos deram o melhor de si" mostrando através do desporto "o que a humanidade pode alcançar quando tem a oportunidade de ter sucesso".
"Peço a todos que se inspirem no seu compromisso com a mudança, os aplausos devem ser seguidos de aceitação e ação. Uma mudança de atitude deve levar a uma mudança de opinião. Palavras de elogio devem ser substituídas por palavras de convicção. Os obstáculos devem tornar-se oportunidades", disse o presidente do IPC.
Num discurso repleto de agradecimentos à França, ao presidente Emmanuel Macron, e ao comité organizador, Parsons, voltou a frisar a necessidade de quebrar as barreiras que existem na sociedade.
"Devemos permitir que as pessoas com deficiência se destaquem fora do campo de jogo, na educação, no emprego, no entretenimento, no governo e na sociedade civil, em todo o lado", afirmou.
Antes, Tony Estanguet, presidente do comité organizador dos Jogos Paris2024, agradeceu aos "revolucionários paralímpicos", num discurso cheio de referências a feitos olímpicos e paralímpicos dos atletas franceses, e destacou a marca que as duas competições deixarão na cidade.
"Os Jogos que vivemos juntos foram uma história de encontros, que deixam marca permanente, esta noite ninguém quer que estes Jogos terminem" disse Estanguet antes de pedir ao estádio a "mais louca ovação de sempre".
Após os discursos, e cumpridas as formalidades, Andrew Parsons entregou às 21h40 locais (20h40 em Lisboa), a Karen Bass, a 'mayor' de Los Angeles, a bandeira paralímpica, que será hasteada daqui a quatro anos na cidade californiana.
