Patrícia Sampaio quer título mundial: “Levo-me a mim, o nome da minha família, Portugal e o clube sempre comigo"
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Em entrevista à TSF, Patrícia Sampaio, judoca portuguesa, campeã europeia e a agora a nova número 1 do ranking mundial na categoria -78kg, mostrou-se surpreendida com a nova conquista, trançando o novo objetivo que tem para a sua carreira: o título mundial. Os campeonatos do mundo de judo realizam-se em Budapeste entre 13 e 19 de junho de 2025.
É neste momento a número 1 da categoria -78kg do ranking mundial, já lhe caiu a ficha?
Eu tinha feito as contas e pensava que a minha posição do ranking não ia mudar mesmo com o título europeu e depois na segunda-feira informaram-me que eu era número um. Não estava à espera, foi uma surpresa para mim, mas eu entendo a volatilidade que há no ranking porque há provas quase todos os fins de semana e vai oscilando bastante os pontos. Eu não vou competir mais até ao campeonato do mundo e penso que ainda há mais uma ou duas provas, então alguma coisa ainda pode mudar até lá, no entanto, é uma conquista fantástica estar em número um na minha categoria.
Soma 5534 pontos à frente da campeã olímpica, a italiana Alice Bellandi e da alemã Anna Monta Olek que venceu na final dos Europeus por Ippon - o adversário é projetado de costas para otatamis (tapetes de judo) - As suas adversárias já lhe deram os parabéns?
Sim! No final da competição, enquanto estamos à espera para ir ao pódio, vamos todas cumprimentar-nos e dar os parabéns umas às outras, isso é um procedimento normal a que eu já estou habituada. Por acaso a que está em segundo lugar [ranking mundial -78kg], a campeã olímpica também me mandou mensagem porque somos muito amigas e é uma prática que nós temos. Não há grandes inimizades fora do tapete, somos amigas e damos os parabéns umas às outras.
Faz judo na Sociedade Filarmónica Gualdim Pais em Tomar, qual é a responsabilidade de levar este clube aos tapetes?
É uma responsabilidade grande, levo-me a mim, levo o nome da minha família, levo Portugal, levo o clube sempre comigo quando piso um tapete e isso é uma responsabilidade grande, mas é boa e é algo com que eu acho que lido bem e cada vez melhor. Neste momento sou especialmente aqui uma grande referência, um grande exemplo, acredito que um bom exemplo. O que eu tento sempre passar são bons exemplos em particular para os mais novos que me veem aqui [Tomar] e crescem aqui perto de mim. Eu gosto de ser responsável por de alguma forma tentar influenciar as pessoas ao meu redor, as crianças no clube e os mais velhos que já não são propriamente crianças. É uma pressão que me motiva.
Os mundiais de Judo acontecem em Budapeste, são já entre 13 e 19 de junho. Ganhar esta competição é o próximo passo depois do título no Campeonato Europeu de Judo 2025?
Há três títulos que eu quero conquistar, o europeu que conquistei agora, o mundial e o olímpico. Para este ano os meus dois grandes objetivos era ser campeã da europa e ser campeã do mundo, portanto isso agora é o que está no foco, mas vamos ver.
Como é que está a ser a preparação para estas provas [Mundiais 2025]? Treinos muito intensos?
As preparações para qualquer prova que eu tenho feito são sempre muito duras e no final da preparação eu estou sempre muito cansada. Esta preparação para os jogos olímpicos foi muito intensa, fiz muitos estágios, algumas competições que já serviam de treino também e agora serão cerca de seis semanas até ao campeonato do mundo. Esta semana ainda estou no clube, mas depois vou passar duas semanas fora a treinar, não vou ter mais nenhuma competição, mas vou fazer muitos estágios internacionais e nacionais e já está a ser uma preparação muito intensa e exigente, claro.
Ser a primeira do mundo na categoria -78kg dá-lhe alguma vantagem para os Mundiais?
A vantagem que o ranking nos dá é ser cabeça de série. No caso, por exemplo, se mantiver [ranking mundial] como está eu sou número um e a italiana é a número dois [Alice Bellandi] então se nos encontrássemos seria apenas na final o que é sempre um pouco mais confortável digamos assim, haver essa distribuição das cabeças de série até porque no ano passado no campeonato do mundo eu não era e calhei logo numa das primeiras rondas com ela e acabei por perder e não consegui avançar. Partindo do princípio que as mais [judocas] acima no ranking ficam divididas e separadas é mais confortável nesse sentido, embora existam muitas atletas fora desse top 8 que são cabeças de série, muito fortes e têm evoluído bastante.
Pratica judo desde os sete anos, não correu muito bem. Aos nove é que foi de vez. Entretanto, já passou algum tempo. Olhando para trás e vendo aquilo que conquistou, valeu a pena ter insistido?
Sim, claro que sim, valeu muito a pena.
