Ouvido esta terça-feira, o ex-diretor de de Segurança do clube de Alvalade lembrou que Bruno de Carvalho concordou com uma visita das claques a Alcochete, mas o pedido formal nunca chegou.
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O antigo diretor de Segurança do Sporting contou, esta terça-feira, que numa reunião a 7 de abril, na sede da Juventude Leonina, alguns dos adeptos propuseram ir a Alcochete "falar com os jogadores". Vasco Santos refere que estas visitas organizadas de adeptos eram possíveis com o aviso ao clube, sendo agendadas e policiadas.
A resposta de Bruno de Carvalho foi: "Organizem-se e informem-me. Façam o que quiserem." Uma frase de um presidente, afirma Vasco Santos, cansado no final da reunião, agastado com problemas pessoais e mostrando pouca paciência para discussão que já ia longa.
Nessa reunião, os elementos da claque não contestaram apenas o desempenho dos jogadores, mas também o do presidente Bruno de Carvalho. "Eles reclamavam a forma como presidente se dirigia aos jogadores, nomeadamente no Facebook", explica Vasco Santos. A reunião decorreu com um "ambiente tenso".
Sempre com a concordância da direção do clube, Vasco Santos garante que ficou à espera que o Oficial de Ligação aos Adeptos, Bruno Jacinto, comunicasse a data para a possível visita a Alcochete, mas o pedido nunca chegou.
A 15 de maio de 2018, Vasco Santos era diretor de Operações e Diretor de Segurança para a realização de eventos desportivos, por exemplo os jogos do Sporting no estádio de Alvalade. Na altura Ricardo Gonçalves (que também já testemunhou em tribunal) era chefe de segurança da academia e reportava a Vasco Santos.
No dia do ataque, Vasco Santos falou com Bruno de Carvalho que lhe disse estar a caminho para perceber o que se passava. Já Ricardo Gonçalves, que estava na academia, não atendeu o telefone.
Sobre as condições de segurança da Academia, Vasco Santos lembra que Ricardo Gonçalves fez, um ano antes, recomendações de melhoria mas estas não foram atendidas. A visão do clube era diferente, mantendo as portas abertas para entrada e saída de viaturas, porque "a academia funciona como uma escola" com entrada constante de viaturas de familiares de atletas.
Vasco Santos garante que não foi informado por Bruno Jacinto quando oficial de ligação soube da ida dos adeptos a Alcochete, na véspera do ataque. E só soube da invasão pelas noticias.
As informações que tinha nos dias anteriores por parte da polícia que acompanhava os adeptos, era de que "não era previsível qualquer movimentação" das claques.