Pepe diz ter sido alvo de insulto racista frente ao Famalicão e acusa árbitro de falta de coragem
Defesa de 40 anos queixa-se de ter sido chamado mono - macaco, em espanhol - pelo argentino Santiago Colombatto.
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O portista Pepe denunciou esta quinta-feira ter sido alvo de um insulto racista por parte de Santiago Colombatto, jogador do Famalicão, e acusou o árbitro da segunda mão da meia-final da Taça de Portugal, Manuel Mota, de não ter tido coragem de agir sobre o episódio. O treinador do Famalicão, João Pedro Sousa, diz que é "mentira".
Em entrevista à RTP3 depois da vitória dos dragões por 3-2, que valeu um lugar na final do troféu frente ao SC Braga, Pepe garantiu ter sido chamado de "macaco", em castelhano, pelo adversário argentino, um ato que adiantou desde logo querer "denunciar".
"É triste isto acontecer entre atletas deste nível. Infelizmente, o árbitro não teve coragem, ouviu perfeitamente que ele me chamou 'mono'. Todo o mundo sabe o que é, é macaco em espanhol", revelou o defesa, esta noite capitão do FC Porto.
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O momento gerou uma enorme confusão no relvado e chegou a pensar-se que a equipa portista iria abandonar o campo. Pepe confirmou que só não abandonou o relvado "por respeito às pessoas" que foram ao Dragão e "pagaram", às que "estão em casa a ver um jogo de futebol e pagam a televisão" e ao "adversário".
Pepe disse também ser "lamentável" que episódios destes ainda aconteçam no futebol, "ainda mais à frente do árbitro, que é o chefe do jogo".
O jogador de 40 anos acusa Manuel Mota de ter ouvido o insulto e não ter sabido agir: "Estava atrapalhado, dizia que não foi mono, estava todo atrapalhado."
Perante este momento, Pepe lembrou a existência do VAR, que espera que "escute" o que aconteceu.
"Eu sou capitão do FC Porto e da seleção portuguesa, respeito muito esta profissão. Sou o que sou hoje por causa deste desporto e acho que temos de dar o exemplo, independentemente de ganhar ou perder", analisou também, avisando que "perder é chato", mas nunca ninguém deve "insultar nem humilhar o próximo".
Ainda sobre a conduta de Manuel Mota, assinalou que estava "nem a um metro dele, ouviu perfeitamente, e não teve coragem de parar o jogo, chamar ou repreender o jogador. Se o chefe maior dentro de campo não tem essa coragem, quem vai ter? Espero que as pessoas olhem para isto e tomem uma decisão".
Pepe confessou-se também "dececionado" com o árbitro e explicou que, por isso, não o cumprimentou no final: "Tinha autoridade e provas para poder mudar uma história negra do futebol e não teve coragem para isso. É inadmissível."
Mais tarde, confrontado com esta acusação, o treinador do Famalicão, João Pedro Sousa, garantiu que quem quer que tenha acusado Colombatto "é mentiroso".
"Sejam jogadores, treinadores, dirigentes ou polícia, quem disse que o Santiago Colombatto chamou alguma coisa é mentiroso", acusou. O técnico famalicense acrescentou ainda que "é testemunha" e acredita no jogador, acabando por assinalar que "nem é preciso testemunha, é mentira e ponto final".