O defesa é o terceiro português com mais internacionalizações da história. Em 2001, com apenas 17 anos, rumou à Madeira para representar o Marítimo. Assim começou um percurso de sucesso
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Pepe acaba, aos 41 anos de idade, a carreira de futebolista como uma 'lenda' da seleção portuguesa e do FC Porto, numa história que começou em Maceió, no Brasil, onde nasceu, e terminou na Alemanha, no Euro 2024.
O agora antigo defesa central pendura as 'botas' com um total de 895 jogos entre clubes e seleção nacional e com quase três dezenas de títulos, incluindo o Campeonato da Europa de 2016 com Portugal e três Ligas dos Campeões, todas com o Real Madrid. Pepe festejou ainda sete campeonatos, quatro em Portugal com o FC Porto e três em Espanha pelos madridistas, clube que representou durante uma década.
Com a seleção nacional, o ex-futebolista conquistou ainda uma Liga das Nações, além do Euro 2016, e alcançou as 141 internacionalizações, tornando-se no terceiro jogador com mais jogos pela equipa das quinas só atrás de João Moutinho (146) e Cristiano Ronaldo (212).
O último jogo da carreira de Pepe foi a 5 de julho, em Hamburgo, na Alemanha, na derrota de Portugal com a França (0-0 no final do prolongamento, 5-3 no desempate por grandes penalidades), nos quartos de final do Euro 2024. O central fez os 120 minutos. Nesse torneio, Pepe passou a ser o mais velho de sempre num Europeu e reforçou o estatuto de mais velho da seleção nacional, com 41 anos e 138 dias. Ao todo, esteve em nove fases finais, entre Europeus e Mundiais, pela seleção nacional.
Com o FC Porto, a última vez que vestiu a camisola dos dragões aconteceu em Rio Maior, a 21 de abril, no triunfo sobre o Casa Pia (2-1) para a I Liga, e festejou o seu último troféu em maio, embora não tenha jogado, com a Taça de Portugal perante o Sporting.
Ao todo na sua carreira, Pepe fez 51 golos, o último a 13 de dezembro do ano passado, na Liga dos Campeões sobre o Shakhtar Donetsk (5-3), reforçando também o estatuto de mais velho a marcar na mais importante prova de clubes europeus.
Durante a sua carreira, Pepe ganhou a fama de jogador demasiado agressivo dentro de campo, apesar da sua personalidade simpática e alegre, e viu por 19 vezes o cartão vermelho e por mais de 200 vezes o cartão amarelo. Em 2009, ao serviço do Real Madrid, o internacional português recebeu mesmo uma suspensão recorde de 10 jogos por pontapear um jogador do Getafe no chão. Pepe apontou várias vezes este episódio como o pior da sua carreira.
Durante a sua carreira com a camisola do FC Porto, Pepe foi sempre um dos principais alvos dos adeptos dos clubes rivais, com Benfica e Sporting, recebendo sempre muitos assobios, mas tudo mudava quando vestia a camisola da seleção nacional, acabando por receber muitos aplausos, sobretudo devido à sua entrega em todas as partidas.
O percurso de Pepe
A 26 de fevereiro de 1983, Kepler Laveran de Lima Ferreira nasceu em Maceió no Brasil e, já como Pepe como nome oficial de futebolista, começou a carreira nas camadas jovens do Corinthians Alagoano.
Em 2001, a sua vida mudou completamente quando, com apenas 17 anos, rumou à ilha da Madeira para representar o Marítimo, viagem essa que acabou por ser só de ida, já que o central acabaria mais tarde, em 2007, por escolher a nacionalidade portuguesa.
Depois de algum namoro pelo Sporting, com Pepe a chegar a treinar à experiência no clube de Alvalade, o central rumou ao FC Porto em 2004 e arrancou definitivamente para uma carreira ao mais alto nível. Em três temporadas no Dragão, Pepe conquistou dois campeonatos, uma Taça de Portugal e uma Supertaça com exibições que acabaram por convencer o Real Madrid em contratá-lo em 2007/08.
Em Espanha, no 'colosso' da capital espanhola, Pepe fez mais de 300 jogos e viveu uma década repleta de troféus, com destaque para três Champions, mas também para dois Mundiais de clubes e duas Taças do Rei, além das três La Ligas.
Depois de uma temporada com pouca utilização, a aventura no Real Madrid teve o seu fim em 2017/18 quando rumou à Turquia para representar o Besiktas, ligação que durou apenas época e meia antes de regressar a casa, ao FC Porto.
Quando muitos pensavam que Pepe estaria em final da carreira quando voltou ao Dragão, o central acabou por estar mais cinco épocas aos mais alto nível no FC Porto e foi peça determinante na conquista de mais três edições da I Liga e quatro Taças de Portugal.
O pontapé de saída para a seleção nacional
A sua história, que acabaria por ser longa e cheia de sucesso, com a seleção nacional começou em novembro de 2007 perante a Finlândia, e no Dragão, num nulo que apurou Portugal para a fase final do Euro 2008.
Pepe marcou presença mais tarde no torneio que decorreu na Áustria e Suíça e acabaria por representar Portugal em mais oito fases finais, com destaque claro para o Euro 2016 em França.
O central foi um dos elementos determinantes para a conquista do troféu em França e acabou mesmo por ser considerado o melhor jogador da final com os 'bleus' (1-0 após prolongamento).
Durante 16 anos, Pepe foi o 'patrão' da defesa da seleção nacional e despediu-se dos relvados precisamente ao serviço da equipa das quinas, no Euro 2024, no desaire com a França nos quartos de final.
Mesmo com 41 anos, o central foi um dos melhores jogadores de Portugal em toda a competição, mas não conseguiu repetir o feito de 2008, 2012 e 2016 quando integrou o melhor onze da prova.
