É mais um jogo onde o favorito não se consegue declarar a diferença existente entre a qualidade individual de uma e outra equipa.
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O FC Porto fez mais um jogo sofrível, ainda que tenha controlado melhor as incidências do jogo. Não é que tenha feito um jogo brilhante do ponto de vista defensivo ou ofensivo, mas a maior percentagem de posse bola fez com que o Marítimo não tivesse possibilidade de criar muitas situações de golo. O valor da bola é este: como só há uma em campo, se uma equipa a tem, a outra não consegue marcar. E ter a bola é, portanto, a melhor forma de defender.
É verdade que a postura do Marítimo não foi arrojada e que os insulares tentaram atacar quase sempre da mesma forma. No meio campo ofensivo, a bola entrava no corredor lateral, existia uma desmarcação de ruptura entre os centrais e laterais do Porto, e daí partia-se para acções individuais, ou então para cruzamentos. A equipa de José Gomes tentou, também, durante todo o jogo, combater o fogo com fogo. Isto é, não foi uma equipa a tentar fugir dos duelos, mas sim a tentar vencer e até a provocar muitos dele. Sabendo-se que nesse registo a turma do Norte é a melhor equipa do país, foram poucas as situações em que a organização colectiva de Sérgio Conceição tenha ficado comprometida.
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A exibição, mais uma vez, não foi brilhante - mas desta feita, os três pontos estão no bolso, e o facto de ter marcado um golo cedo pode ter comprometido os jogadores do ponto de vista emocional para segurar a vantagem e não arriscar tanto, sabendo do resultado do jogo do Benfica. Estes factores emocionais pesam, e apesar de ter tido uma percentagem alta de posse de bola, o Porto nunca foi capaz de ser acutilante, e de provocar calafrios constantes à baliza defendida por Charles.
A qualidade técnica não se fez notar particularmente em nenhuma das equipas, porque não é esse o ADN de nenhuma delas. Foram muitas as execuções falhadas, os erros de decisão, e o ritmo de jogo não foi o melhor por causa as faltas cometidas. Marega, aposta de Sérgio Conceição desde que se tornou líder do FC do Porto, somou mais um jogo absolutamente desastrado, sem qualidade técnica e tomada de decisão para resolver os problemas do jogo. O avançado portista é, aliás, o fiel retrato do futebol que o seu treinador imagina: cheio de força, rígido, impetuoso, mas sem arte nem engenho para tornar esclarecedora a diferença que existe para a esmagadora maioria dos adversários que enfrenta.
Poderia até ter sido um jogo rico em emoções, mas nem isso. Tem faltado vida aos jogos da nossa Liga, e este jogo no Dragão é mais um exemplar dos pobres espetáculos que nos têm oferecido. Esta percepção pode ser corroborada pela análise das situações de golo de cada equipa: tanto uma como outra equipa tiveram poucas, e apesar da bola ter estado algumas vezes dentro da área, as situações criadas não foram as mais simples de finalizar. O Porto com mais remates, mas em grande número fora da área, e o Marítimo com menos remates - mais dentro da área do que o Porto, mas com menos acerto na baliza.
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É gritante a falta de capacidade que a equipa de Sérgio Conceição demonstra para criar oportunidades de golo em situações de bola corrida. Ainda que não seja de todo estranho se olharmos para o perfil dos jogadores que o treinador opta por colocar em campo.
Valeu o golo de Corona, conseguido de forma absolutamente casual, numa abordagem errática da defesa do Marítimo após um lançamento lateral, e numa execução muito pouco intencional. Sabendo-se do que estava em jogo, os três pontos valem uma margem de conforto boa para os jogos que restam até ao final. Pese embora a qualidade de jogo não garanta fiabilidade, ou qualquer tipo de embalo para a conquista do título. Ainda há muito que jogar, e este equilíbrio entre os candidatos ao título e quem luta por se manter, faz-me prever um campeonato disputado até perto do final.