Casados há quase sete anos e a viver em Portugal desde 2016, o uruguaio Andres Alvarez Mattos e a portuguesa Raquel Laranjeira Pais admitem ver o jogo separados, A culpa é da rivalidade futebolística.
Corpo do artigo
TSF\audio\2018\06\noticias\30\joao_alexandre_portugal_urugua
O futebol agrega pessoas. Junta os adeptos e os menos fanáticos. E a partida entre Portugal e Uruguai não vai fugir à regra, mas, se há quem se prepare para assistir ao jogo com amigos, namorados e família - no estádio, na rua, no café ou em casa -, há também quem não tenha achado graça ao emparelhamento dos oitavos-de-final e tenha agora de se separar para ver o jogo.
É esse o caso de Andres Alvarez Mattos e Raquel Laranjeira Pais. Casados há cerca de sete anos e a viver em Lisboa há quase dois, o uruguaio e a portuguesa até têm acompanhado alguns dos jogos do Campeonato do Mundo os jogos em conjunto, vão agora ver o jogo em locais diferentes. A culpa é da rivalidade futebolística. É que... O futebol não é mesmo para brincadeiras.
"Ainda estou a tentar convencer a Raquel de que este não é um jogo para vermos juntos. Não é algo romântico, é um jogo para vermos separados e depois disso falamos, porque eu sofro", diz, entre risos, este engenheiro de 41 anos que não ficou propriamente satisfeito ao saber do embate. "Não fiquei nada feliz, era justamente o jogo que eu queria evitar, queria jogar com o Irão e evitar qualquer tipo de conflitos", confessa o uruguaio.
Quanto à adepta portuguesa, psicoterapeuta de profissão, não levou a tanto a peito o sorteio, mas também admite que era preferível defrontar outro adversário: "Não era o que eu mais queria que acontecesse, porque também há um risco maior de Portugal perder com o Uruguai, mas eu acho engraçado vermos o jogo juntos e é uma situação para levar com sentido de humor".
Mas, a verdade é que o "sentido de humor" nem sempre rima com rivalidades futebolísticas. "Há mais de um ano que tínhamos combinado acampar com uns amigos e entretanto o Andres, quando soube que ia ser um Portugal - Uruguai, disse que não ia ver o jogo num bar ou num café cheio de portugueses, assim, eu devo ver com amigos num parque de campismo ou numa casa e ele vai ver com o amigo uruguaio que está cá de visita".
Resultado: dois uruguaios a ver a partida numa casa portuguesa. Sem portugueses. "Vamos ver com o áudio português porque, lamentavelmente não dá para ver com o atraso da transmissão em 'streaming', não há hipóteses. Também estou a pensar se vou gritar ou não os golos. Mas não devo gritar à janela, para não fazer inimigos", conta o uruguaio.
Na última vez que Portugal e Uruguai se defrontaram, deu empate a uma bola, a 2 de julho de 1972, num encontro a contar para a MiniCopa - ou seja, a Taça da Independência -, no Rio de Janeiro, no Brasil. Cerca de 46 anos depois, Andres Alvarez Mattos e Raquel Laranjeira Pais, preferem não avançar com qualquer prognóstico.
"Eu não estou demasiado otimista, vai ser difícil, talvez fique decidido nos penáltis", atira a portuguesa. "Não sei, acho difícil o Uruguai ganhar, mas pode acontecer. Não vou dizer um resultado, não sei", assinala o uruguaio que não gosta de estatísticas ligadas ao futebol. "O mais pequeno tem alguma esperança e hipótese de ganhar e isso é anti-estatística". São números e estatísticas que apenas interessam até ao momento em que a bola começa a rolar.