Portuguesas Francisca Veselko e Teresa Bonvalot à procura de um lugar ao sol no surf mundial
No Dia Mundial do Surf, Teresa Bonvalot fala na TSF sobre o sexto título nacional, mas também do sonho de representar Portugal no circuito mundial. Francisca Veselko partilha esse sonho com elogios para as surfistas nacionais
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No arranque da temporada internacional, a maré é favorável às surfistas portuguesas. Teresa Bonvalot, Francisca Veselko e Yolanda Hopkins ocupam três das cinco primeiras posições do Challenger Series, o circuito de acesso ao topo do surf feminino, o circuito mundial (denominado Championship Tour). O sonho de colocar uma atleta na elite está cada vez mais próximo.
Teresa Bonvalot junta ao bom resultado na primeira prova do Challenger Series a vitória já confirmada na liga de surf, o título nacional desta temporada. Bonvalot venceu três das quatro provas da competição, a última na Ribeira Grande, nos Açores.
É incrível conseguir mais um título, este antecipado, aqui nos Açores, num lugar que é, para mim, bastante especial. Sempre que aqui venho acabo por ter três dias inacreditáveis. Mas também acho que a liga está a evoluir, está a crescer. A competição é difícil, mas temos condições excecionais, tanto aqui, nos Açores, como em todas as provas. É incrível poder viajar por Portugal inteiro, de norte a sul, para apanhar as melhores ondas e competir num evento cada vez maior como a liga
A competição nacional é agora um assunto encerrado para Teresa Bonvalot, que já prepara a viagem para Ballito, na África do Sul. Passa por aquela praia parte do grande objetivo da temporada para Teresa Bonvalot, mas também para Francisca Veselko ou Yolanda Hopkins, agora os rostos mais visíveis da geração de surfistas portuguesas.
“Arranco para a África do Sul já na próxima semana. Espero um grande evento. Também já me sinto mais habituada a estes destinos, já surfei naquelas condições, já conheço aquela cidadezinha, o que é sempre algo aconchegante.”
No segundo escalão do surf mundial, as Challenger Series, Bonvalot persegue o apuramento para o circuito mundial do próximo ano.
Até à prova, resta-me treinar, quero entrar e sair da água com a certeza que dei o meu máximo. Ainda só tivemos uma prova, está tudo em aberto. É um orgulho olhar para a tabela e ver que há três portuguesas nas melhores cinco. Acho que isto demonstra a evolução do surf em Portugal, mostra que a modalidade está a crescer
Na primeira prova do Challenger Series da temporada, Francisca Veselko foi a melhor das atletas. A surfista portuguesa de 22 anos deixou Newcastle, na Austrália, na primeira posição da tabela.
“Foi um campeonato incrível e tive a oportunidade de partilhar a final com uma veterana do CT, a Sally Fitzgibbons, uma grande inspiração, uma guerreira e uma grande atleta. Sempre a admirei e foi incrível ter partilhado a final com ela.”
Página australiana virada, Francisca Veselko admite o objetivo da temporada.
Ainda vamos ter vários Challengers pela frente e claro que o meu objetivo este ano é qualificar-me para o WCT e não podia estar no melhor caminho, mas a caminhada é longa, ainda há muitas etapas pela frente e contam as melhores cinco. O desafio é manter a consistência e, por isso, há que voltar ao zero, voltar a focar-me e obviamente levar esta vitória como uma motivação, mas de pés assentes na terra
O método que Francisca Veselko tem procurado para melhorar o seu surf aproxima-a de novas realidades, em busca de melhor se adaptar a diferentes condições. “Tenho feito várias viagens, mas como disse, devo treinar a minha consistência, porque a verdade é que temos que ser muito consistentes para conseguir ter resultados bons durante tantas etapas e são muitas as viagens.” "Também tenho treinado bastante física e acho que meditação também é muito importante”, revela.
No ano passado eu sabia que havia qualquer coisa que eu tinha que mudar para chegar a este nível. Por isso, eu fiz algumas mudanças nas minhas rotinas, mas também decidi fazer mais viagens, mais surf, não só competição, mas sim focar também no freesurf
Veselko passou um mês no Havaí, em Pipeline, local por onde passou o Challenger Series no início de 2026, durante o mês de janeiro.
Teresa Bonvalot tem-se preocupado em melhorar a forma como decide em competição, quando já está dentro de água.
Eu diria que o surf acaba por ser um desporto que não tem limites, mesmo o melhor surfista do mundo tem sempre imensas coisas que podem melhorar e aqui, sendo que estamos a competir, acho que aqui entra muito mais a forma, a esperteza, o saber competir, jogar muito mais o jogo do que o próprio evento, do que às vezes o surf (...) há que saber competir, ter cabeça, saber jogar este jogo
Francisca Veselko só tem elogios para as atletas portuguesas que competem ao lado dela por um lugar no circuito mundial, Championship Tour. “Eu já estou a competir há muitos anos com Teresa (Bonvalot), com a Yolanda (Hopkins) e sem dúvida não há nada melhor do que olhar para um ranking e ter três surfistas portuguesas no topo. É um motivo de orgulho representar Portugal e colocar a bandeira ao mais alto nível e acho que estamos as três num bom caminho para concretizar este sonho, mas ainda há muito pela frente”, garante.
“Independentemente de sermos de um país pequenino, temos todo o potencial e acho que mais cedo ou mais tarde vamos ter mais portuguesas no lugar do Championship Tour.”