Primeiro português a entrar na Coreia do Norte em seis anos conquista o ouro em frente a Kim Jong-un e conta o que viveu
João Sousa Pinto relata à TSF toda uma experiência social e desportiva que considera inédita, referindo que regressou a Portugal com uma ideia diferente da que tinha antes de viajar para Pyongyang
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“Foi ótimo. Eu sempre quis ir à Coreia [do Norte], tive sempre interesse no país e quando abriram as vagas fui um dos primeiros a inscrever-me. E correu tudo bem, não posso dizer mal de nada.” Chama-se João Sousa Pinto, foi correr os dez quilómetros de Pyongyang, a capital norte-coreana, e conquistou a medalha de ouro em frente do Presidente Kim Jong-un.
João Sousa Pinto - que trouxe a medalha de ouro da Coreia do Norte para Portugal, após vencer a distância de dez quilómetros da Maratona Internacional de Pyongyang - diz à TSF que toda a experiência valeu a pena e que está contente com o resultado. O português medalhado não hesitou em inscrever-se na prova de imediato e teve depois a sorte de ser um dos selecionados para correr.
Entrar na Coreia do Norte não é fácil: aquele evento é uma das formas de os turistas conhecerem a capital norte-coreana, sendo que o país abriu as portas por estes dias apenas aos atletas que iam participar na maratona. Enquanto lá esteve, João Sousa Pinto não teve acesso à internet e o receio que o atleta tinha, confessa, rapidamente desapareceu.
“Estava sempre com aquele receio, porque nós ouvimos histórias de pessoas que fugiram e que contam os seus exemplos. Que lá aquilo é uma prisão, que aquilo é tudo mau, que as pessoas não podem estar na rua descansadas, que há coisas que são feitas para os turistas: hotéis fantasma, casas fantasma", conta à TSF.
Mas o português ficou com uma ideia diferente da que tinha à partida: "Eu fui ao supermercado, normalmente, estava na rua a correr sozinho, normalmente, fui a lojas. Não vi nada do que se diz, mas também estive só em Pyongyang. Em outras cidades poderá ser diferente, não sei. Não posso falar do que não vi. Eu posso falar do que eu vi e do que eu vi foi tudo uma normalidade como se estivesse, por exemplo, na China. Foi muito parecido, a mesma cultura e tudo. E acho que aquela ideia que nós temos, no fundo que as pessoas não têm liberdade para sair de casa, acho que é um bocado um exagero.”
João Sousa Pinto escreve no Instagram que foi o primeiro português a entrar na Coreia do Norte desde 2019 e que venceu a medalha de ouro em frente a Kim Jong-un.
À TSF, confessa que participar numa competição na Coreia do Norte é "super diferente" em relação a Portugal, muito pela valorização, considera, que se dá ao atletismo naquele país.
“Em Portugal não há muita cultura do atletismo ou de outros desportos, é só um bocado o futebol, o que é triste para as modalidades. Na Coreia do Norte eu senti que as pessoas adoram todos os desportos e estava no estádio [Kim Il-sung], lotado, com 60 mil pessoas a ver", revelou João Sousa Pinto, acrescentando ainda: "Foi uma experiência que eu nunca tinha tido na minha vida, estar a correr à frente de tantas pessoas, a aplaudirem, a apoiarem, a chamarem o nosso nome. Fui receber a medalha, à frente do líder [Kim Jong-un], dos ministros todos. Apareci na televisão, no jornal, foi uma experiência que eu nunca tinha tido a sorte de conseguir aqui em Portugal ou em qualquer lado.”
