Pyrrait faz 113 milhas aos 60 anos numa prancha de paddle

José Maria Pyrrait faz 60 anos em agosto e decidiu comemorar essa data “redonda” a remar no mar. Agarrou na prancha e partiu na quarta-feira da praia de Ribeira D’ilhas, na Ericeira, definindo como meta chegar sábado à tarde à praia do Carvalhal, na Comporta.

Uma aventura de 130 km, ou perto de 113 milhas náuticas, mas com paragens pelo caminho, que programou para visitar alguns amigos, que vivem junto a praias consideradas emblemáticas da costa central portuguesa.

Quatro horas depois do arranque para a primeira etapa, dobrado o Cabo Raso, agradecia aos alunos a cerimónia festiva realizada à partida para esta aventura, num vídeo realizado em mar alto, postado nas redes sociais, e seguia para a marina de Cascais, onde chegou sete horas após deixar a Ericeira.

No segundo dia, a dobragem do Bugio foi feita a partir de Carcavelos, na travessia até à Costa da Caparica, seguido à distância por um barco amigo e elogiando à partida o estado do mar. Mas a realidade foi outra na foz do Tejo. À chegada à margm sul, relatava que foi apanhado por uma “corrente animal” e vento sul raríssimo nesta altura do ano. Apesar do cansaço, desabafava que as dificuldades não lhe tiraram o apetite para um almoço no “Dr Bernard”, na praia do CDS, na Caparica.

Seguiu-se a etapa solitária de 37 km até ao Cabo Espichel, sem suporte de assistência no mar, mas determinado em chegar a Sesimbra.

Ao largo da Lagoa de Albufeira fez novos vídeos para os seguidores nas redes sociais.  Aparece de chapéu, pele queimada do sol e deixou o aviso, a remada estava a ficar mais difícil e dura com a intensificação do vento sul, que surpreendeu e contrariou previsões de soprar de norte.

Visivelmente desgastado, deixou cair a garrafa de água que tinha a bordo da prancha e despachou cyber-amigos, dizendo que, sem água, tinha mesmo de seguir viagem, para conseguir completar a última etapa até à praia do Carvalhal, na Comporta, onde estima chegar sábado por volta das 17h00.

Este veterano teve uma vida profissional dedicada à fotografia na área da grande reportagem, de onde se destacam trabalhos sobre a guerra civil angolana, as eleições históricas que levaram Nelson Mandela pela primeira vez ao poder em África do Sul, ou as foto-reportagens do arquipélago dos Açores, onde viveu seis anos, além de outros trabalhos sobre regiões do continente português.

Também amante da vida selvagem e da conservação da natureza, não é difícil ficar longe do Parque Nacional da Peneda Gerês, sempre que visita Ponte de Lima, onde tem raízes familiares, e guarda os melhores momentos da infância e adolescência vividos na Quinta do Ameal, em Refóios do Lima, propriedade que foi do seu avô materno.

Abandonou a fotografia profissional em 1998, quando escolheu dedicar-se a tempo inteiro ao ensino e treino do surf, desporto que pratica há 50 anos, ou seja, desde os 10 anos, na cidade do Rio de Janeiro, no Brasil, onde viveu até aos 17 anos.

Hoje é treinador de surfistas de competição profissional e proprietário de uma escola de surf na Ericeira, dedicada à formação de jovens atletas.

A experiência deste surfista e remador de longa data, que culmina este fim de semana, pretende ser apenas o ensaio para um projeto maior: a descida da costa portuguesa já em 2026, completando cerca de 900kms de norte a sul do país.

Considerado uma das figuras mais icónicas de um dos templos do surf português, a Ericeira, José Maria Pyrrait admite que esta travessia não seria possível sem os vários apoios que teve, desde restaurantes nas praias de Ribeira d’Ilhas,  Carvalhal, Comporta, São Lourenço, Costa de Caparica, Almada e Lisboa.

Portanto, como diz o comunicado dos amigos que o ajudam a divulgar esta aventura, "para quem esteja dentro, ou fora de água, não se assuste se avistar ao longe uma prancha. Não será nenhum tubarão, mas apenas o “Xerife da Ericeira” a celebrar 60 anos com um ensaio de 130 km a remar para a grande travessia em Stand Up Paddle do próximo ano".